Malena Russo leva o upcycling da moda para o figurino das celebridades
Pioneira da customização no Brasil, a consultora diz que chique é dar novo sentido às peças que já temos no armário
“Você tem que conhecer as regras para quebrá-las”, dizia o estilista britânico Alexander McQueen, ícone da ousadia. Seguindo essa filosofia, uma norma destruída na moda atual é o descarte de roupas.
Antes, os maiores consumidores – socialites e celebridades – jamais repetiam um look. A consciência social e a necessidade de preservar a natureza mudaram o olhar sobre a questão.
Hoje, existe a ressignificação das roupas. Duas técnicas se destacam: a customização (personalizar uma peça para torná-la única) e o upcycling (a transformação ecologicamente correta de um material que seria descartado em novo produto).
A consultora de moda Malena Russo é precursora no Brasil dessa moda autoral. Peças criadas em seu ateliê vestiram João Guilherme, Felipe Titto, Pedro Sampaio, Michel Teló, Luciana Vendramini, Camila Loures, Jon Vlogs, entre outros atores, cantores, apresentadores e influenciadores. O atacante Endrick, do Palmeiras e em breve no Real Madrid, também virou cliente.
“Comecei a transformar roupas antigas em peças únicas, com cara de novas, na minha adolescência, quando já gostava de moda, mas não tinha condições de comprar marcas famosas”, conta.
Anos mais tarde, já como personal stylist, ela passou a usar retalhos, tintas e adereços em produções. “Toda pessoa, seja famosa ou anônima, quer se sentir única, usando algo que mostre a sua personalidade”, explica.
“Eu crio cada peça considerando aspectos da personalidade da pessoa e a mensagem que quer transmitir. A moda é uma poderosa ferramenta de comunicação.”
Na década de 1990, Malena Russo circulava por fábricas do Bom Retiro, polo da indústria têxtil na cidade de São Paulo, em busca de pedaços de tecidos. Chegou a colaborar com a lendária grife underground Escola de Divinos. “Sempre quis inserir elementos das artes na moda.”
Ela aplica a customização e o upclycing até nos figurinos que cria para cantores do grupo de pagode Menos é Mais. “Gosto de romper fronteiras, vestir corpos de diferentes tamanhos, democratizar a moda”, afirma. “Fico feliz quando os artistas que eu visto despertam a inspiração em muita gente.”
Ao visitar a Semana de Moda de Paris, em março, a consultora teve certeza de que a maior tendência é a liberdade. “As pessoas estão mais divertidas, mostram estilo próprio, sobrepõem peças sem medo de errar. Acredito nessa moda que cada um faz a partir do que tem no seu armário.”