Morre aos 72 anos a atriz Marília Pêra
Atriz, cantora, bailarina, diretora, produtora e coreógrafa lutava contra um câncer de pulmão havia dois anos
Morreu, na manhã deste sábado (5), aos 72 anos, a atriz Marília Pêra. Ela lutava contra um câncer de pulmão havia dois anos e estava em casa, no Rio de Janeiro, ao lado dos familiares quando faleceu. O velório será realizado a partir das 13h no Teatro Leblon, na sala que leva o nome da artista.
Atriz, cantora, bailarina, diretora, produtora e coreógrafa, Marília participou de cerca de 40 novelas, 50 peças de teatro e quase 30 filmes, além de minisséries. Seu último trabalho na televisão foi como Darlene Pereira no seriado Pé Na Cova, criado por Miguel Falabella. No Carnaval deste ano, ela foi homenageada pela escola de samba Mocidade Alegre, de São Paulo.
Casada com o economista Bruno Faria desde 1998, ela deixa três filhos: Ricardo Graça Mello, Esperança Motta e Nina Morena.
Artista desde sempre
Nascida em 22 de janeiro de 1943, no bairro do Rio Comprido, no Rio de Janeiro, Marília Pêra começou a trabalhar na Companhia de Henriette Morineau quando tinha apenas 4 anos, no papel de uma das filhas de Medéia na peça homônima de Eurípedes. Os pais dela, Manoel Pêra e Dinorah Marzullo, também atuavam no espetáculo.
A estreia na televisão ocorreu com a dança. Como seus pais eram da TV Tupi, Marília passou a se apresentar ao vivo semanalmente em um programa de balé.
Dos 14 aos 21 anos, brilhou como bailarina em musicais como Minha Querida Lady, protagonizado por Bibi Ferreira, em 1962, e O Teu Cabelo Não Nega, em 1963, biografia de Lamartine Babo, interpretando Carmen Miranda. Tal papel foi repetido diversas vezes durante sua carreira.
Em 1965, a atriz foi convidada pelo diretor Abdon Torres para fazer parte do elenco de inauguração da TV Globo. No início da emissora, protagonizou as novelas Rosinha do Sobrado e Padre Tião, de Moisés Weltman. Marília também atuou em A Moreninha, adaptação do romance de Joaquim Manuel de Macedo, escrita por Graça Mello, pai de seu primeiro marido, Paulo Graça Mello.
Já em sua "primeira casa na TV", a Tupi, participou da novela Beto Rockfeller, considerada um marco na teledramaturgia. A volta à Globo ocorreu em 1971, no papel de Shirley Sexy na trama O Cafona, de Bráulio Pedroso. Depois, participou da minissérie Quem Ama Não Mata, de Euclydes Marinho, e, em 1987, da novela Brega & Chique, folhetim que ela dizia ter sido o que mais gostou de fazer. Os Maias (2001), Começar de Novo (2004), Cobras & Lagartos (2006) e Ti-Ti-Ti (2011) são outras tramas que contaram com ela no elenco.
Na TV Bandeirantes, atuou em O Campeão (1982) e, na Manchete, em Mandacaru (1997), de Carlos Alberto Ratton.
No cinema, Marília Pêra estrelou os filmes Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), de Hector Babenco, Bar Esperança (1983), de Hugo Carvana, Anjos da Noite (1986), de Wilson Barros, Dias Melhores Virão (1988) e Tieta do Agreste (1995), ambos de Cacá Diegues, Central do Brasil (1996), de Walter Salles, e O Viajante (1998), de Paulo César Saraceni.
Além da televisão e do cinema, a atriz desempenhou papeis marcantes no teatro. Entre os principais espetáculos estão: Fala Baixo, Senão eu Grito, primeira peça teatral da dramaturgia paulista, de Leilah Assumpção, encenada em 1969; Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde; Brincando em Cima Daquilo, de Dario Fo; O Exercício, de John Lewis Carlino; A Pequena Notável (1966), na pele de Carmen Miranda; A Tribute to Carmen Miranda, apresentado no Lincoln Center, em Nova York (1975), sob a direção do também ex-marido, Nelson Motta; A Pêra da Carmen, em 1986 e 1995; e o musical dirigido por Maurício Sherman, Marília Pêra Canta Carmen Miranda (2005).
Além do papel de Carmen Miranda, Marília Pêra atuou sozinha nos palcos como a cantora Dalva de Oliveira, em A Estrela Dalva, em 1987; Maria Callas na peça Master Class, em 1996; e a estilista Coco Chanel, na peça Mademoiselle Chanel, em 2004.
Outra paixão da artista era a música. Tanto que, em 1964, ela chegou a derrotar Elis Regina, ambas desconhecidas na época, em um teste para o musical Como Vencer na Vida Sem Fazer Força, de Abe Burrows, Jack Weinstock e Willie Gilbert.
Em 1975, foi protagonista do espetáculo Feiticeira, show concebido por Nelson Motta que virou LP lançado pela gravadora Som Livre e, depois de alguns anos, por iniciativa do DJ Zé Pedro, ganhou versão em CD pelo selo Joia Moderna.
Atualmente, Marília trabalhava no projeto de um novo CD, pela Biscoito Fino, com repertório de canções de Tom Jobim, Johnny Alf, Dolores Duran e de Kurt Weill.