Mussum: morte do trapalhão completa vinte anos; relembre
Negro. Pobre. Filho de empregada doméstica. Nascido e criado no morro. Chegado numa cachaça como poucos. Ou "mé", como a apelidou. Um personagem indispensável na história da música e da televisão brasileiras. Assim foi a vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes, ou apenas Mussum, que há exatos 20 anos deixava o País inteiro em estado de luto.
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Antônio nasceu dia 7 de abril de 1941 no Morro da Cachoeirinha, em Lins de Vasconcelos, zona norte do Rio de Janeiro. Cresceu se alimentando de sobras, passou a adolescência em um colégio interno, trabalhou como mecânico e serviu a Força Aérea Brasileira. Sua verdadeira essência, no entanto, estava um pouco longe disso – mais especificamente no Morro da Mangueira, sede de uma das mais tradicionais escolas do samba carioca.
Sempre ligado à música, “Carlinhos do reco-reco”, como era conhecido pelos amigos, envolveu-se ainda mais com ela durante seus oito anos de Aeronáutica, quando participou da Caravana Cultural de Carlos Machado, movimento artístico propagado na instituição durante sua juventude. Na época, criou o grupo Os Sete Modernos do Samba – anos depois consagrado como Originais do Samba – e foi descoberto por Herivelto Martins.
Com a ajuda do cantor, começou a se apresentar em alguns programas de TV, incluindo Bairro Feliz, atração da TV Globo comandada por nomes como Milton Gonçalves e Grande Otelo. Em 1965, antes de um desses shows, preparava-se para subir ao palco com os companheiros de banda e surpreendentemente foi intimado a substituir um humorista que havia faltado. Foi ali que se transformou em Mussum.
Não demorou, nos anos seguintes, para que chegasse à Escolinha do Professor Raimundo (onde ganhou os “is” nos finais das palavras como marca registrada) e ainda se unisse a Didi Mocó, Dedé Santana e Zacarias no clássico seriado Trapalhões.
Com a incontestável simpatia do personagem e o rápido sucesso atingido nas telinhas, foi obrigado a deixar o Originais do Samba, mas nem por isso se afastou da música. Além de gravar álbuns solos e trilhas de filmes, virou diretor de harmonia da ala das baianas e instrutor da ala mirim da Mangueira.
Mussum morreu em 29 de julho de 1994, aos 53 anos, vítima de complicações de um transplante de coração. Ele deixou quatro filhos, um de cada mulher.