"Não podemos estar alegres, mas estamos felizes", diz Maneco

O autor de novelas Manoel Carlos acompanhou durante toda a sexta-feira (10), o velório do filho Pedro Almeida, encontrado morto no último sábado (04), em Nova York. Depois de horas junto à família e amigos se despedindo do jovem, de 22 anos, que será cremado, Maneco falou com a imprensa. “É um pouco difícil de falar.... Os amigos foram muito generosos conosco. Não podemos estar alegres, mas estamos felizes”.

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Manoel Carlos contou que parte das cinzas irá para o cemitério São João Batista, onde estão sepultados outros dois filhos do escritor. Outra parte será colocada em pingentes e entregue a alguns familiares, como a mãe de Pedro, sua esposa Beth Almeida. Mesmo lamentando muito, foi serena ao comentar a perda do terceiro filho: “As tragédias exageraram um pouquinho comigo, né? Mas vamos tocar a vida. Eu vou carregá-lo no coração”.

Ao lado da mulher o tempo todo, Maneco se lembrou do filho com muito orgulho, pelo “ator de grande talento” que ele já demonstrava ser. “Um filho inesquecível.... A escolha dele foi pelo teatro, o que nos orgulha muito. Eu tenho um respeito brutal pelo teatro”.

Dezenas de artistas, amigos, diretores e familiares passaram durante toda a manhã e tarde desta sexta-feira pelo Memorial do Carmo, onde o corpo será cremado dentro de 48h. Amiga da família, a cantora Elba Ramalho, em uma rápida entrevista, disse: “Todo mundo está sofrendo muito, mas é a vida... Fiquem na paz”.

O diretor Jaime Monjardim falou sobre a dor que deve representar a perda de um filho. “A perda de um filho não tem como dimensionar. Mas é isso. Vida que segue”, afirmou, ao lado da mulher, a cantora Tânia Mara. Maneco e Beth são padrinhos de casamento do casal.

Também presente na celebração, a cantora Roberta Miranda diz que adiou uma viagem para estar com Manoel Carlos. “Sei do carinho dessa família por mim, eu me sentiria desconfortável se não passasse aqui. Era tão novo, tinha só 22 anos, um futuro pela frente. É isso que mais choca a gente”, lamentou.

O ator Stênio Garcia, que esteve no cemitério ainda de manhã, disse que sofria pelo amigo nesse momento de dor. “A gente que é pai sofre o mesmo tipo de dor que ele está sentindo. Trabalhei com Maneco e temos algo em comum, que é ser pai”.

Entre os que foram prestar solidariedade à família no Memorial do Carmo, desde a madrugada, estavam Marília Pera, Marieta Severo, Viviane Pasmanter, José Bonifácio Sobrinho, o Boni, Luigi Baricelli, Fernanda Montenegro, Vitória Frate, Jayme Monjardim, as irmãs de Pedro, Júlia Almeida e Maria Carolina, Tony Ramos, entre vários outros.

Mais cedo, bem no início do ritual de despedida ao ator, a família distribuiu um papel com um pensamento de Friedrich Nietzsche: “Assim o Pedro pensava: ‘É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela”.

Pedro foi encontrado morto no apartamento em que vivia e a suspeita é de que tenha sido vítima de um mal súbito. Além dele, o autor perdeu Ricardo, vítima de HIV, em 1998, e Manoel Carlos Filho, em 2012, vítima de um infarto.