Nenhum problema ser rico, mas ostentar demonstra cafonice e pobreza de espírito
Polêmicas envolvendo Antônia Moraes e Val Marchiori ratificam o comportamento de quem não precisa se exibir para provar o poder econômico
Os super-ricos são conhecidos pela extrema discrição a respeito da vida privada. Alguém já viu a mulher mais rica do planeta, a francesa Françoise Bettencourt Meyers, acionista da L’Oréal, exibir seu closet?
Alguma vez Elon Musk, Bernard Arnault e Jeff Bezos – que se alternam nas primeiras posições entre os maiores bilionários – fizeram ‘tour’ em suas casas para mostrar o luxo que o dinheiro ilimitado pode comprar?
Não.
Já alguns ricos, que estão bem abaixo do verdadeiro topo da pirâmide econômica global, têm como passatempo ostentar mansões, carros importados, roupas de grife, pratos assinados por chefs famosos e outras situações que os fazem se sentir acima dos reles mortais.
Para eles, esse exibicionismo parece gerar afago ao ego (frágil). Recentemente, a cantora Antônia Moraes, filha de Gloria Pires e Orlando Moraes, suscitou polêmica ao fazer um vídeo de propriedades da família em Angra dos Reis e Brasília.
Criticada nas redes sociais por quem enxergou conteúdo fútil para mera autopromoção, Antônia se posicionou sem modéstia. “É verdade que somos ricos e não foi dinheiro roubado”, disse à ‘Folha’.
Em matéria da ‘Quem’, Orlando Moraes desdenhou os incomodados. “Construí, paguei, trabalhei. Sou rico e foda-se”, afirmou. Ele está certo em não se contaminar pelos comentários negativos e de se orgulhar do patrimônio conquistado, porém, a questão principal é outra.
Ligar uma câmera e circular pela casa a fim de mostrar o luxo no qual se vive gera a impressão de ostentação. Nada mais brega do que buscar a autoafirmação por meio da exposição exagerada daquilo que o dinheiro proporciona. Antônia não parece ter esse perfil, mas seu gesto produz tal interpretação.
Ela acaba sendo igualada, por exemplo, a Val Marchiori, que frequentemente expõem artigos caros –não exatamente elegantes – em flagrante tentativa de provar uma superioridade que só existe em seu universo particular.
A ex-participante do frívolo reality show ‘Mulheres Reais’ tentou diminuir a influenciadora Nicole Bahls ao acusá-la de usar bolsas falsas. Ao gravar sua coleção de acessórios de grifes, conseguiu apenas ressaltar o desespero em conseguir a aprovação popular por meio de etiquetas caras.
Os artistas adeptos do exibicionismo não podem reclamar da invasão de privacidade, já que eles próprios convidam o público e a imprensa a devassar sua intimidade.
Ingenuamente, colocam-se em risco uma vez que a revelação de tantas posses pode despertar o interesse de criminosos. Aliás, muitas celebridades jamais mostram a casa para evitar eventual contestação de seguradoras em caso de roubo.
Além disso, a superexposição voluntária está associada ao vazio intelectual e ao abismo existencial. Ainda em busca de consolidação de carreira artística, Antônia Moraes tem certamente valores maiores a exibir do que um sofá caro, objetos de decoração e uma ampla piscina.