O outro lado de Tarcísio: fazendeiro apaixonado pela terra
Quando não estava na TV, ator passava longas temporadas em suas propriedades de criação de gado
Tarcísio Meira era paulistano. Cresceu na selva de pedra, mas tinha nas veias o amor pelo campo. Neto de donos de terras, ele aprendeu ainda na infância a cavalgar e cuidar de plantações.
Era proprietário de algumas fazendas. Duas no interior paulista, nas cidades de Porto Feliz e Buri. Tinha áreas também no Pará, região onde investia em atividades agrícolas e criação de animais desde 1974.
Em entrevista a Pedro Bial, em 2019, Tarcísio disse sempre ter “fascínio pela região da Amazônia”. Anos antes, o artista recebeu uma equipe do ‘Globo Rural’ em uma das fazendas de pecuária de São Paulo.
Ele comentou sobre a forte ligação com a terra. “Ser ator mexe com a tua sensibilidade, a emoção, é muito difícil. Então é indispensável que você tenha um lugar no qual você se reencontre. Esse é o lugar, o lugar onde eu me reencontro como gente.”
Foi no casarão de Porto Feliz onde Tarcísio e sua mulher, Glória Menezes, se refugiaram logo no início da pandemia. Na pequena cidade receberam em março a segunda dose da vacina contra a covid-19. Inseparáveis, continuavam a cumprir o isolamento social.
De acordo com familiares, um "descuido" provocou a contaminação de ambos pelo coronavírus. Foram internados no Hospital Albert Einstein, na capital. A atriz teve sintomas leves rapidamente controlados. O veterano galã precisou ser intubado e morreu após 6 dias na UTI. Completaria 86 anos em outubro.
Além de seu legado imensurável na teledramaturgia, no teatro e cinema, Tarcísio Meira deixa um exemplo de dignidade na vida pessoal. Sem polêmicas, sem escândalos, com inúmeras demonstrações de humildade, gentileza, solidariedade. Um grande homem atrás de um imenso artista.