Pastor defendido por Regina Duarte e odiado por bolsonaristas se alia a ministro
Chamado de 'herege' e 'comunista' por conservadores, Ed René Kivitz recebe Silvio de Almeida em culto onde o PL do Aborto foi criticado
Na noite de sexta-feira (21), o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, foi recebido na Igreja Batista Água Branca, em São Paulo, com abraços do pastor Ed René Kivitz, líder da congregação.
O encontro teve a presença de outras lideranças evangélicas em um culto com forte teor político. O ministro de Lula criticou a tramitação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 1904, conhecido como PL do Aborto ou PL do Estupro.
O pastor Kivitz sustenta a mesma opinião contrária à equiparação do aborto ao crime de homicídio. “Vocês têm uma ética seletiva. Coam mosquito e engolem camelo. Querem colocar na prisão meninas de 13 anos que praticaram aborto depois da 22ª semana, mas diante da realidade do Brasil isso é um mosquito”, disse em recente culto.
“Jesus está dizendo ‘vocês estão coando mosquito e engolindo camelo. As ruas de vocês estão ensanguentadas. A infância de vocês está abandonada. Os pobres de vocês estão à míngua, e vocês fazendo jogo político e disputa de poder brincando com vidas humanas’.”
Em vídeos postados em plataformas digitais, o líder batista chamou a bancada evangélica do Congresso de “cambada evangélica”, ressaltando a reprovação aos representantes de evangélicos e protestantes na principal Casa Legislativa do país.
Kivitz também critica os fiéis que adotam posicionamento radical associado ao discurso de extrema-direita. “A religião fundamentalista não se sustenta. A religião legalista, hipócrita, mentirosa, desumana não se sustenta”, afirmou em pregação. Ele coloca-se contra uma religião “escravizadora, opressora, maligna, diabólica” e propõe um “encontro com o Senhor Jesus” para combater “essas vozes humanas que tentam controlar as nossas consciências”.
Cada vez mais popular na internet e atraindo mais gente a seus cultos, Ed René Kivitz desperta ódio nos aliados de Jair Bolsonaro e em líderes evangélicos conservadores por sua visão progressista do mundo. Ele condena, por exemplo, “a violência que o bolsonarismo trouxe ao Brasil” e defende tratamento inclusivo à comunidade LGBT+.
Em março, o pastor ganhou uma defensora famosa: Regina Duarte. No Instagram, a atriz e artista plástica, fervorosa apoiadora de Bolsonaro, postou trecho de um sermão dele e indicou que concorda com sua visão acolhedora e sem discriminação. Ela chegou a indicar dia e horário de um culto.