Por que jornalistas da Globo se demitem apesar do status e alto salário
Nem sempre o poderoso crachá da emissora líder em audiência garante a plena satisfação
Em apenas uma semana, dois nomes importantes do jornalismo da Globo se demitiram. Âncora do matinal 'Conexão GloboNews' e ex-apresentadora do 'Jornal da Globo', Christiane Pelajo, 51 anos, deixou o canal após "pensar mais" nela e a fim de "aproveitar a vida".
Na noite de quinta-feira (10), Carlos Alberto Sardenberg, 76, se emocionou algumas vezes ao dar adeus no ar no 'GloboNews em Pauta', no 'Jornal das 10' e no 'Jornal da Globo', onde atuou como comentarista de Economia.
Outros tiveram a mesma coragem: abrir mão de uma posição privilegiada no vídeo, com poder interno e alto salário. Entre eles, Rodrigo Alvarez, 48, que trocou a rotina de correspondente internacional pela dedicação à carreira de escritor de livros sobre personagens do Catolicismo.
Após quase 3 décadas na Globo, Vico Iasi, 50 anos, se demitiu do posto de apresentador e editor do 'Globo Rural'. Agora vive da música. É vocalista da banda de rock Carbono 5.
A repórter Daiana Garbin, 40, deixou a emissora para produzir conteúdo no YouTube e nas redes sociais sobre qualidade de vida e a luta contra transtornos emocionais.
Estes jornalistas não se acomodaram. Poderiam continuar na Globo indefinidamente, porém, ousaram se reinventar. Com vida financeira estável, preferiram ter mais tempo para curtir a família, viajar, trabalhar por projetos pessoais.
Desapegaram-se da fama de global. Quiseram uma rotina mais tranquila, não ser mais reféns de horários rígidos, se livrar do estresse dos bastidores da TV, ter autonomia para fazer apenas o que gostam.
O filósofo grego Epicuro criou a doutrina da valorização dos pequenos prazeres para conseguir uma existência mais feliz.
"A liberdade é o maior fruto da autossuficiência", escreveu. Ser livre foi a opção desses profissionais que renunciaram ao cobiçado crachá da Globo.
Sardenberg continuará no grupo da família Marinho: ao microfone da rádio CBN e nas páginas de 'O Globo'.
Com mais horas livres, pretende escrever livros, assistir a jogos de futebol, jogar tênis e curtir os netos. Ele age com sabedoria: a felicidade está nas situações mais simples e nas experiências cotidianas.