Por que Neymar não deixa saudade em Paris enquanto Raí segue ídolo após 25 anos
A duas celebridades do futebol se relacionaram de maneira diferente com a França ao defender o PSG
Neymar passou exatos seis anos no Paris Saint-Germain. Ajudou o time a conquistar alguns títulos, porém, na avaliação geral, não retribuiu em campo a expectativa gerada por sua contratação de quase R$ 1 bilhão.
“Sua passagem pelo PSG deixa uma impressão de coisa inacabada”, escreveu o jornal esportivo francês ‘L’Equipe’ a respeito da transferência do atacante ao time saudita Al-Hilal.
Além da questão futebolística, outro aspecto azedou a opinião dos franceses em relação ao brasileiro: ele não demonstrou interesse em se integrar à cultura local nem falar o idioma com fluidez.
Jogadores como Tiago Silva (PSG), Juninho Pernambucano (Lyon) e Lucas (PSG) se dedicaram a aprender o francês. Chegaram ao nível de conceder entrevistas longas na língua dos ídolos Zidane e Platini. Alguns deles incorporaram até expressões ditas apenas por nativos.
Na maioria das interações com a imprensa local, Neymar soltou frases curtas em um francês de difícil compreensão ou respondeu em espanhol.
Diferentemente de Raí, que teve uma trajetória imersiva no PSG de 1993 a 1998. Adaptou-se ao estilo de vida parisiense, sem abdicar das raízes brasileiras, e aprendeu a falar fluentemente o idioma. Demonstrou ter o que chamam por lá de ‘savoir-faire’, a habilidade no que se propõe a fazer.
Até hoje, 25 anos depois de sua despedida, ele recebe homenagens do antigo time e da sociedade francesa. Em dezembro de 2013, foi condecorado pelo então presidente François Hollande com a prestigiada Medalha da Legião de Honra.
“Ele soube seduzir o público parisiense, o que é muito difícil", afirmou Hollande na cerimônia. “A França tem agora tem dois embaixadores no Brasil. O oficial e Raí, o segundo embaixador da França no Brasil.”
Neymar preferiu se isolar com parentes e ‘parças’ na mansão de Bougival, vilarejo de 8 mil habitantes a oeste de Paris. Não demonstrou vontade de mergulhar na riqueza cultural, social e gastronômica da capital do país.
A relação com os jornalistas foi igualmente distante. Excessivamente fria até para uma mídia europeia acostumada com jogadores de diferentes origens e temperamentos. Mesmo carismático, Neymar não causou boa impressão.
Caso tivesse tido um desempenho regular e consistente em campo, e um entrosamento maior com o país bicampeão do mundo, o jogador não seria alvo de tamanha antipatia ou indiferença.
A saída protocolar do PSG, sem uma despedida festiva, e o silêncio da torcida que um dia o aplaudiu, ressaltam que Paris não sentirá falta do prodige du football brésilien, como foi chamado ao chegar à cidade.