Saudade de quando os famosos sofriam suas traições longe da TV e sem marketing
Superexposição de Luísa Sonza e Chico Moedas não faz bem a ninguém e ressalta a sabedoria de quem preserva a intimidade
Em relação às celebridades, está cada vez mais difícil verificar o que é 100% autêntico daquilo que se baseia em autopromoção. Existe outro complicador: a infinidade de interpretações na internet a influenciar uma conclusão sobre a verdade. Qual verdade?
O namoro musicado seguido de separação dramática de Luísa Sonza e Chico Moedas transita entre essas possibilidades. Há excesso de informações que ‘bugam’ nossa análise.
Primeiro, um vídeo do rapaz interagindo com mulheres em uma balada, o consequente boato de traição e a confirmação feita pela cantora ao vivo no ‘Mais Você’ (com direito a lágrimas dela e de Ana Maria Braga).
Em seguida, o ataque virtual contra o WhatsApp e as redes sociais de Chico e a confissão do erro feita por ele ao amigo Casimiro. Tudo isso acompanhado de um julgamento sumário do rapaz e também de Luísa, a partir da ressuscitação do rumor de que traiu o então marido Whindersson Nunes, em indisfarçável pensamento sadista/machista “pagou na mesma moeda”.
Embrulhando essa confusão está o marketing de ocasião. O sofrimento público – com a desnecessária superexposição na Globo – impulsiona a imagem da cantora. Formou-se uma onda de solidariedade. Muitos que a criticam pelo excesso de sexualização em shows e clipes se compadeceram.
Cabe um questionamento, ou melhor, vários: dói menos quando a traição é compartilhada com milhões de estranhos? Não seria melhor viver esse momento tão íntimo reservadamente, longe dos holofotes? Quem escancara a vida pessoal na TV tem o direito, depois, de pedir privacidade à mídia? O linchamento virtual do traidor é justiça ou vingança?
Em apenas 20 dias, o agora ex-casal protagonizou uma novela com início, meio e fim. Do lançamento da música-chiclete ‘Chico’ ao “fui corna” postado por Luísa em rede social. Quem aprecia esse entretenimento da desgraça alheia não tem do que reclamar: teve diversão (patológica?) garantida.
Há ainda uma cereja nesse bolo azedado: as manchetes sobre a traição e o fim do namoro ofuscaram uma notícia potencialmente prejudicial a Sonza. Houve um acordo financeiro entre a artista e a advogada negra que a processou por racismo. A batalha judicial durou três anos.
Tantas informações que a gente até esquece da onda de calor.