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'Se lutar contra a mutilação genital feminina, vou ser considerada racista?', questiona Luisa Mell

Ativista se envolveu em polêmica após posicionamento contrário à decisão do STF que permite sacrifício de animais em cultos religiosos no Brasil

31 mar 2019 - 17h07
(atualizado em 2/4/2019 às 16h22)
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Luisa Mell
Luisa Mell
Foto: Instagram / @luisamell / Estadão

A ativista Luisa Mell usou suas redes sociais para se defender após ter sido acusada por internautas de ter se posicionado de forma racista após o STF decidir que o sacrifício de animais em cultos religiosos é constitucional no Brasil.

Na ocasião, Luisa compartilhou um texto chamando a decisão de "absurdo" e "crime", ao lado da foto de um cachorro triste.

"Degolar este inocente cachorrinho, se for em ritual religioso, está liberado! Esta foi a triste decisão do STF ontem! [...] É de uma barbaridade tão grande que nos faz pensar se realmente estamos vivendo um retorno à idade média", escreveu.

"Nada diferente de quando, em um determinado momento da história, alguns humanos justificavam o abuso de outros humanos simplesmente pela diferença em sua cor, religião...", prosseguiu.

O tom de seu desabafo dividiu opiniões e gerou inúmeras críticas nas redes sociais, muitas das quais abordaram o aspecto de um suposto racismo nos comentários feitos por Luisa Mell, o que foi negado por ela.

'Se lutar contra a mutilação genital feminina em tribos africanas, tudo bem?'

Na tarde deste domingo, 31, Luisa usou os stories de seu Instagram para voltar a falar sobre o tema: "Se eu lutar contra a mutilação genital feminina que é realizada em algumas tribos africanas tudo bem? Ou eu também vou ser considerada racista?"

"Não vou ser considerada racista porque a vítima é uma pessoa, aí 'tudo bem', a luta é válida. A gente parte sempre do princípio que a dor dos animais importa menos que qualquer coisa do ser humano. Isso eu enfrento em todas as minhas lutas."

A ativista ainda relembrou as acusações de "xenofobia" feitas a ela quando se posicionava contra vaquejadas, além de críticas que recebia ao se colocar contra testes em animais e abatedouros.

"A questão financeira não pode ser maior que o sofrimento animal. A religião não pode ser maior do que o sofrimento da vítima, a ciência também não. Essa é a minha maneira, por isso eu sou vegana", explicou.

"Pra mim, a dor dos animais importa tanto quanto a dor do seres humanos.", prosseguiu.

Luisa também rebateu parte das críticas: "Elas não querem que eu tenha o direito de me expressar, de questionar alguma coisa. São pessoas que lutam tanto pela democracia, isso pra mim não dá para entender e nem para aceitar."

Confira algumas reações de internautas à polêmica envolvendo Luisa Mell e a decisão do STF sobre sacrifício animal em cultos religiosos:

Confira abaixo a íntegra do texto postado por Luisa Mell há alguns dias em seu Facebook:

"Degolar este inocente cachorrinho, se for em ritual religioso, está liberado! Esta foi a triste decisão do STF ontem! Por unanimidade nossos ministros decidiram que a degola de um animal para fins religiosos não envolve crueldade ou maus tratos.

É de uma barbaridade tão grande que nos faz pensar se realmente estamos vivendo um retorno à idade média. Não importa a religião ou credo em discussão, o foco da Justiça deveria ser a vítima, e não o segmento da sociedade que se sente prejudicado por não poder vilanizar essa vítima. Eles só aprovaram esse absurdo porque animais ainda são vistos como coisas ou entes menos importantes que seres humanos.

Nada diferente de quando, em um determinado momento da história, alguns humanos justificavam o abuso de outros humanos simplesmente pela diferença em sua cor, religião... Até quando vamos permitir que a degola de um ser vivo seja vista como algo trivial e tranquila?

Respeito todas as religiões... Dentro de cada uma existe a possibilidade de agradar ao seu superior (cada um tem um Deus) de outra maneira sem envolver crueldade, morte... Só me resta pedir perdão aos animais...

Eu particularmente, me sinto próxima de Deus quando salvo algum animal em sofrimento! Pra mim, Deus é isso! Amor, compaixão, solidariedade... Salvar e não matar!"

Estadão
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