Tabata Contri enfatiza capacidade de transformação do teatro: 'Lugar para questionar'
Em entrevista à Contigo!, Tabata Contri, que marcou como primeira atriz cadeirante na TV, fala sobre poder social da arte
Tabata Contri ficou marcada pelo talento, versatilidade e representatividade PCD na televisão. A atriz, que está em cartaz em São Paulo até o dia 21 de novembro com a peça Fractal, foi a primeira intérprete cadeirante em uma novela brasileira. Em entrevista à Contigo!, ela enfatiza a capacidade de transformação do teatro: "Lugar para questionar", revela.
Mudar atraves da arte
Além de atriz, Tabata atua como consultora de diversidade, equidade e inclusão em empresas, temas que ela permeia intimamente com seu trabalho artístico e leva para o ambiente corporativo em seus treinamentos, o que revela como a arte está intrinsecamente conectada com quem ela é.
"O teatro pode ser um instrumento poderoso de transformação! É uma pausa no meio do caos da vida", destaca a artista, que recorça também o papel do teatro em promover mudanças sociais. "Também é um lugar para questionar. Para que a gente possa sonhar, trazer questões que incomodam, porque a sociedade só muda se incomodar, no palco a gente provoca e é provocado a pensar sobre diversas questões que nos atravessam como ser humano e como mulher", diz.
Em Fractal, a artista integra um elenco e equipe formado por apenas por mulheres, que visa promover a reconexão com o feminino — o que, segundo ela, é mais do que possível: "Acredito muito na arte como ferramenta que gera mudanças", declara.
Uma peça inovadora
Além de contar com um elenco e equipe completamente feminina, Fractal propicia ao público — e ao elenco — uma nova configuração de espetáculo a cada exibição interativa. "Ficamos todas prontas caso as cenas sorteadas sejam a nossa. Existem várias possibilidades, então cada sessão é uma surpresa para nós", explica.
Com um elenco tão diverso, Tabata aproveitou o trabalho em equipe para se aproximar de novas realidades e vivências: "É preciso se preparar mesmo para conviver e trabalhar com pessoas com diversos marcadores sociais distintos, as realidades são bem diferentes, as necessidades também, mas essa foi a proposta que mais me interessou e a gente se conecta mesmo pelas histórias de cada uma".
Outro ponto que conectou a intérprete com o seu próprio feminino foi a construção de sua personagem a partir dos arquétipos de Deusas, método proposto pela dramaturga Luciana Bollina, pela preparadora de elenco Carina Gregório e pela diretora Lenita Ponce.
"Fizemos muitos tipos de exercícios para nos conectarmos com cada um desses arquétipos. E cada dupla de atrizes divide o mesmo arquétipo entre si. Foi um processo bem bonito. A minha Deusa interna é Atena. Embora o público não fique sabendo disso, nos ajudou muito nessa construção", revela.
A artista finaliza reforçando a importância da cumplicidade promovida pela peça: "A gente precisa estar muito unidas e atentas entre nós porque a nossa sociedade promove muito a competição entre mulheres e por isso a gente precisa estar unidas — e estamos! Só assim passamos essa energia para o público", celebra.
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