Término 10 vezes? Psicologia explica por que as pessoas insistem em relações ioiô
O mundo dos famosos está cheio de casais que terminam e voltam a namorar, como Maiara e Fernando; entenda por que mantemos relações assim
O comportamento parece ser bastante comum entre os famosos, mas, cá entre nós, você provavelmente tem algum amigo ou amiga que em uma semana disse que não queria ver o namorado ou namorada nem pintado de ouro e, na semana seguinte, já está postando foto de casal de novo - se não for você essa pessoa. Os relacionamentos ioiô estão por toda parte e Freud pode ajudar a explicar isso.
Isso é tão verdade que, por exemplo, a sertaneja Maiara, da dupla com Maraisa, e Fernando Zor, dupla de Sorocaba, terminaram o relacionamento mais uma vez. A notícia não surpreende pelo término em si, mas pela quantidade de vezes que isso aconteceu: ao que se sabe, já são cerca de 10 idas e vindas, desde que o casal começou o romance, em 2019.
Também nesta sexta-feira, 1º, informações da colunista Fábia Oliveira indicam que outro casal famoso também rompeu: o jogador de futebol Gabigol e a empresária Rafaella Santos, irmã de Neymar.
O relacionamento começou em 2015 e já passou por dois términos públicos. O "separa e volta" é tanto que, segundo a colunista, amigos apelidaram os dois de "Maiara e Fernando Zor".
O irmão de Rafaella, Neymar, também viveu um relacionamento ioiô. Em seis anos, ele e a atriz Bruna Marquezine passaram por quatro términos.
Por que insistir num relacionamento ioiô?
Comum na vida dos famosos e dos anônimos também, o "bota casaco, tira casaco" dos relacionamentos é facilmente explicado por Freud. Na verdade, especialistas veem a imaturidade emocional como um dos fatores determinantes desse comportamento.
"As pessoas têm vários anos cronológicos, mas, psicologicamente falando, se comportam como adolescentes. A imaturidade emocional leva à instabilidade emocional. São pessoas que não sabem o que querem, são indecisas, não têm uma condição emocional para assumir um relacionamento", explica a psicóloga Zenir Pascutti.
A insegurança também interfere na condução do relacionamento, de acordo com o psicólogo clínicio Matheus Corrêa Rabelo. Seja pelo medo de estar sozinho ou pela ideia de que não se é capaz de encontrar outra relação significativa, pessoas que vivem em uma relação ioiô normalmente enfrentam muitos conflitos internos.
"Podem ser pessoas inseguras, pouco conectadas com seus próprios sentimentos e rígidas quanto a seus ideais de relacionamento, e por isto enxergam na relação a sustentação que lhes falta internamente; atribuem ao outro seus conflitos emocionais. Assim, têm dificuldade em reconhecer e aceitar o outro na sua individualidade, como outro alguém que também tem suas necessidades, características e dificuldades", explica Rabelo.
Como saber qual é a hora de seguir em frente?
Na avaliação dos especialistas ouvidos pelo Terra, é fundamental que um relacionamento seja, antes de mais nada, saudável e fonte de alegria - não uma preocupação. O psicólogo Pedro Paulo Dias, especialista em estudos psicanalíticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chama a atenção para o que ele chama de "erotização do sofrimento", comportamento que tem ganhado espaço em nossa sociedade.
"Quando se está amando, até as cores e os sons ganham novos sentidos. Essa é a potência do amor. É um equívoco achar que tem que haver sofrimento", afirma.
Até mesmo essa compreensão ajuda a perceber quando é a hora de seguir em frente e desistir do relacionamento que já mostrou que não dá certo. Como nada acaba do dia para a noite, normalmente a relação dá sinais de que está chegando ao fim.
"Talvez a traição seja o sinal mais comum. Mas o desrespeito, a falta de interesse ou de preocupação com o outro... Quando tudo isso vai acontecendo, é sinal de que o relacionamento pode estar caminhando para o fim", explica a psicóloga Zenir Pascutti.
O psicólogo Matheus Rabelo ainda cita outros sinais: "Se a relação priva uma ou ambas as partes de se desenvolver; se há conflitos rotineiros de uma mesma natureza em que não se encontra solução; se não há espaço para as individualidades; se o diálogo se torna cada vez menos presente; se há sentimento de estagnação. Estes podem ser alguns sinais de que a relação não caminha de forma saudável".
O outro nem sempre é o problema
Mas os sinais nem sempre estão na outra pessoa. É necessário observar como você se comporta em relação ao outro, por exemplo, quando falta paciência ou tolerância. Nesse caso, o autoconhecimento é a chave para se desligar de um relacionamento que não está indo bem.
"Se o relacionamento está exigindo demais de você, é a hora de questionar se ele ainda faz sentido", resume o psicólogo Pedro Paulo Dias.
Os especialistas também concordam que, às vezes, o suporte profissional pode ajudar a reconhecer os próprios limites. Rabelo reforça: "Se você se reconhece vivendo algo semelhante e tem dificuldades de seguir em frente, é importante buscar ajuda".
*Com edição de Estela Marques.