Uma única vez protagonista, Ilva Niño era coadjuvante amada pelos autores
Atriz se agigantava em pequenos papéis graças ao talento e a seu carisma maternal
A morte de Ilva Niño, aos 89 anos, encerra uma bela trajetória na teledramaturgia. Muitos telespectadores não sabiam seu nome, mas a reconheciam imediatamente. Em cena, mesmo com personagens secundários, a atriz sempre se destacou.
O papel mais popular foi o da empregada Mina, de ‘Roque Santeiro’. A interação com Regina Duarte (Viúva Porcina) rendeu momentos hilários de confronto e provocação.
Aliás, vítima da estereotipificação imposta pela TV aos artistas nordestinos ao longo de décadas, Ilva colecionou papéis de domésticas nas novelas. O primeiro, ironicamente, foi em seu único momento como protagonista.
Entre setembro de 1977 e março de 1978, ela interpretou Cotinha em ‘Sem Lenço, Sem Documento’, na faixa das 19h da Globo. A trama escrita por Mario Prata mostrava quatro irmãs pernambucanas tentando melhorar de vida no Rio de Janeiro.
A história com forte teor social e político não capturou o público. Teve audiência baixa e acabou prejudicada por intervenções dos fiscais da Censura. Mesmo assim, não deixou de ser revolucionária por mostrar a rotina de empregadas e dar estrelismo a atrizes representantes das mulheres do Nordeste.
O currículo de Ilva Niño incluiu novelas de sucesso como ‘Gabriela’, ‘Feijão Maravilha’, ‘Bebê a Bordo’, ‘Pedra Sobre Pedra’, ‘Por Amor’ e ‘Cheias de Charme’. Diante das câmeras, mesmo com poucas falas, ela chamava a atenção pelo magnetismo e a expressividade. Os autores sempre gostaram de tê-la no elenco por humanizar a figura da mulher simples e corajosa.