Grammy 2000 premia Caetano e Santana, que levou nove gramofones
Reuters
Santana ajoelhado ao lado de seus nove Grammys |
Quarta-feira, 20 de fevereiro de 2001, 10h32
Dori Caymmi e seu CD tributo ao cinema, A Romantic Vision,
não levou para casa o Grammy de Melhor Arranjo Instrumental pela faixa Pink
Panther (de Henry Mancini). Foi Caetano Veloso quem salvou a noite. Pelo terceiro
ano consecutivo, um brasileiro leva o prêmio em uma das categorias mais controvesas
da premiação internacional do Grammy: a de Álbum de World Music do Ano.
Livro, disco lançado no Brasil em 1997, seguiu os passos de Gilberto Gil
e Milton Nascimento. "O prêmio é de merecimento de Jacques Morelembaum",
disse Caetano sobre o arranjador do álbum, logo após receber a notícia pelo telefone.
Em trajes informais, comemorando com amigos em um bar aqui no Brasil, completou:
"Achei ótimo esse tricampeonato brasileiro e principalmente o tricampeonato
baiano", referindo-se a Gil, mas erroneamente a Milton Nascimento, que é
mineiro.
A ascensão de Caetano nos Estados Unidos começou no ano passado, quando excursionou
pelo país. Os críticos apoiaram e o músico foi selecionado para a categoria world
music. Os outros concorrentes eram Afro Celt Sound System, Cesaria Evora, Salif
Keita e Ali Farka Toure. Caetano, em seus depoimentos sobre a premiação, aproveitou
para criticar a postura de imprensa em relação ao Prêmio Brasil de Cinema, (realizado
em fevereiro, no qual participou como convidado) dizendo haver uma campanha destrutiva
em relação a sua pessoa e ao cinema nacional.
Santana leva nove Grammys
A 42ª edição do Grammy Awards acabou sendo a noite dos esperados. Badalações,
muita chuva em frente ao Staples Center, em Los Angeles, e nove prêmios para o
veterano guitarrista mexicano de 53 anos, Carlos Santana – entre eles o de Gravação
do Ano com a faixa Smooth, pertencente ao álbum Supernatural, que levou
o mais esperado prêmio do Grammy, Álbum do Ano. A música que arregimentou a volta
de Santana, uma mistura do bom e velho rock’n’roll com um tempero latino, cantada
pelo vocalista do Matchbox 20, Rob Thomas, ganhou mais dois prêmios: Canção do
Ano e Colaboração Vocal Pop.
Os outros prêmios de Autlán de Navarro, nome verdadeiro de Santana, foram Pop
Duo ou Grupo Vocal, com Maria Maria, Rock Duo ou Grupo Vocal, com Put Your Lights
On, Performance Pop Instrumental, com El Farol, Performance Rock Instrumental,
com The Calling (ao lado de Eric Clapton), e, evidentemente, depois de
tantos prêmios, Melhor Álbum de Rock para Supernatural. Os outros grandes
premiados da noite foram o cantor e compositor Sting (de Melhor Performance Masculina
Vocal e Pop Álbum, com o recente Brand New Day) e o trio feminino de rhythm’n’blues
TLC (que não levaram o de Álbum do Ano, mas abocanharam os de R&B Duo ou Grupo
Vocal, Melhor Canção de R&B e Melhor Álbum de R&B, com Fanmail).
Na categoria de Performance Vocal Feminina de R&B, Whitney Huston saiu na frente
com It’s All Right But It’s Okay. Melhor Novo Artista foi para a jovem
Christina Aguilera, 20 anos, ex-apresentadora do programa infantil Clube do Mickey,
que superou outra cantora mirim, Britney Spears. Entre os retornos laureados diretamente
do baú, a cantora Cher levou para casa a pequena estatueta em forma de gramofone
na categoria Gravação de Pop Dance, com Believe – deixando para trás a badalada
Jennifer Lopez.
O segmento roqueiro da noite premiou Lenny Kravitz como Melhor Performance Masculina
de Rock, Metallica como Hard Rock Performance, a nostálgica volta do Black Sabbath
como Performance Metal, a cantora de pop rock Sheryl Crow (na regravação do hit
do Guns N’ Roses, Sweet Child O’ Mine) como Melhor Performance Feminina de Rock
e os destemperados Red Hot Chili Peppers como Melhor Canção de Rock (Scar Tissue).
Os grandes perdedores da festa da música americana e mundial foram o cantor Ricky
Martin, cuja superexposição na mídia como o midas da música latina o colocou como
o não-querido do Grammy; e os ídolos teen Backstreet Boys, que se apresentaram
ao vivo durante o show – todos foram batidos pelo sereno guitarrista de Tijuana,
México. Apesar de Martin ter sido ignorado, a noite de quarta-feira em Los Angeles
foi dos latinos – que devem aguardar ansiosos pela versão latina do Grammy.
Redação Terra
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