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Heinrich Schliemann, arqueólogo descobridor de Troia

13 jan 2016 - 11h45
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Uma combinação de determinação científica e fantasia exaltada impulsionava o alemão pioneiro da arqueologia de campo. Negociante de profissão, ele escreveu uma história de achados monumentais – e equívocos homéricos.

O alemão Heinrich Schliemann era um híbrido de fantasista e gênio não reconhecido. Fantasista, por atravessar a Turquia à procura de Troia basicamente munido de uma edição do épico Ilíada, de Homero. Gênio, por ter desenvolvido, ainda no fim de século 19, métodos de pesquisa arqueológica que são empregados até hoje.

Demorou até seus compatriotas reconhecerem os méritos do arqueólogo pioneiro nascido em 6 de janeiro de 1822 em Neubukow, Mecklemburgo. A então eminência máxima no campo, o berlinense Ernst Curtius, simplesmente não o levou a sério na época. Na Inglaterra, em contrapartida, ele foi venerado como descobridor da misteriosa Troia.

Durante séculos se procurara a legendária cidade, sem que alguém conseguisse provar que o épico sobre a guerra entre gregos e troianos tivesse fundamento histórico. Até o ano 1871: sob o monte Hisarlik, na região de Trôade, hoje sudoeste da Turquia, Schliemann, então com 49 anos, encontrou os restos da cidade também denominada Ilion – de onde deriva o nome Ilíada.

Sonho de infância

Contudo, Heinrich Schliemann não foi o primeiro a acreditar que se encontrasse exatamente ali a cidade descrita no épico do poeta grego. Antes dele, o inglês Frank Calvert já escavara na região. Porém a longa história de assentamentos no local, indo de 3000 a.C. até a alta Idade Média, dificultava a identificação dos achados.

Além disso, apesar de ser até mesmo o proprietário das terras em torno do Hisarlik, Calvert não dispunha de meios financeiros para levar a exploração até o fim. Assim, convenceu Schliemann a continuar onde ele havia parado. Em 1872, o alemão teve a certeza: os espessos muros que trouxera à luz faziam parte das fortificações de Troia.

Para o aventureiro Schliemann, a Antiguidade Clássica era o sonho de toda uma vida. Desde os oito anos de idade ele era um entusiasta das narrativas de Homero. No entanto, sua trajetória profissional o levou em outra direção. Filho de uma família de pastores, com oito irmãos, ele se formou comerciante, devido à impossibilidade de uma educação acadêmica.

Por caminhos tortuosos, chegou a Amsterdã, onde começou como estafeta de um escritório. A facilidade de aprender idiomas lhe era uma vantagem: em apenas um ano, aprendeu holandês, espanhol, italiano e português, mais tarde, russo. Mudando-se para a Rússia, enriqueceu com o negócio de matérias-primas para munição bélica.

Tesouros reais, conclusões falsas

Schliemann foi estudar em Paris, onde aprendeu grego antigo e latim. Uma viagem cultural o levou em 1868 a Ítaca, onde realizou escavações, à busca do Palácio de Odisseu. De lá seguiu para o Mar de Mármara. Na busca por Troia, seu guia de viagem era a Ilíada de Homero.

Primeiro, o arqueólogo esbarrou em recipientes que não coincidiam com as descrições do grego. Em seguida, escavou através de metros de ruínas da cidade pré-histórica. Por fim, em 1873 chegou a um de seus mais importantes achados, que batizou como "tesouro de Príamo". E assim declarou que Troia fora descoberta.

O conjunto de valiosas peças foi contrabandeado para fora da Turquia e presenteado ao povo alemão em 1881. Em meio ao caos da Segunda Guerra Mundial (1933-1945), foi levado para a Rússia. Considerado perdido até 1993, hoje ele está exposto no Museu Puchkin, em Moscou, enquanto uma reprodução fiel se encontra em Berlim.

Infelizmente, Schliemann estava errado: não se tratava do tesouro do rei troiano Príamo: as peças de ouro encontradas eram, antes, provenientes de uma alta civilização desconhecida, cerca de 1.250 anos mais antiga do que Troia.

Também em Micenas – onde, a partir de 1874, realizou escavações durante dois anos – o arqueólogo alemão incorreu em outro lamentável erro. Ao contrário de suas deduções, a magnífica máscara mortuária de ouro lá descoberta não pertencera ao comandante Agamenon, um dos protagonistas da Ilíada.

Apesar de tudo, a posteridade perdoou os enganos de Heinrich Schliemann. Morto em 26 de dezembro de 1890 em Nápoles, ele é considerado, até hoje, um dos maiores arqueólogos da história, e é respeitado em todo o mundo. Em homenagem aos 125 anos de sua morte, o Neues Museum de Berlim realiza uma exposição até 30 de junho de 2016.

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