Humberto Gessinger diz que convite para tocar com Licks e Maltz sequer veio deles
Vocalista e baixista dos Engenheiros do Hawaii revelou contato feito apenas por "um cara que canta numa banda cover e que está tocando com eles"
Em 2024, Augusto Licks e Carlos Maltz voltaram a tocar juntos. Guitarrista e baterista, respectivamente, representam dois terços da formação clássica dos Engenheiros do Hawaii — completa por Humberto Gessinger.
Antes mesmo de realizar o primeiro show de reunião com Maltz em Porto Alegre, Licks disse ao jornal O Globo que "as portas continuam abertas" caso Gessinger "mude de ideia e venha se associar a esse esforço", que envolveu mais apresentações pelo Brasil. Todavia, o guitarrista demonstrou ter consciência de que o cantor/baixista poderia não querer participar.
Fato é que, de acordo com Humberto, nenhum convite real foi feito por seus ex-colegas. E pelo tom de suas declarações, nem isso seria capaz de convencê-lo a promover uma reunião.
Em entrevista a Gabriel Zorzetto para o jornal O Estado de S. Paulo, o vocalista e baixista disse ter recebido uma mensagem apenas de "um cara que canta numa banda cover e que está tocando com eles". A reportagem associou tal descrição a Sandro Trindade, músico do tributo Engenheiros Sem CREA que tem acompanhado Licks e Maltz nas recentes apresentações.
"Eu nem recebi convite do Augusto e do Carlos. Quem me escreveu o e-mail foi um cara [Sandro Trindade] que canta numa banda cover e que está tocando com eles. E aí eu achei que não cabia nem responder. Não quero entrar nesse mundo. É muito autorreferente ficar pensando em ser uma banda cover."
Na sequência, Gessinger confirmou ter recebido contato de empresas e festivais interessados em reunir a formação clássica dos Engenheiros do Hawaii. Porém, o frontman declarou não estar disposto — e voltou a explicar suas razões.
"Estou tão feliz com o que eu estou fazendo e com o tamanho que eu tenho agora. Acho que os guris [Carlos e Augusto] entendem isso também. Fico honrado que eles tenham saudade, mas eu não tenho. Pra mim seria entrar numa gaiola, onde estão me dando alpiste, me dando água. Pô, deixa eu errar um pouquinho, velho. Não quero ter a obrigação de encher arenas todos os dias da semana, não é o meu tamanho. Eu estudava arquitetura, montei uma banda, fiz o meu caminho, escrevo minhas letras complicadas, não sei lá quem entende, toco do meu jeito. Quer dizer, nada contra quem lota arena, mas esse não é meu jogo."
Humberto Gessinger e a pressão pela volta dos Engenheiros do Hawaii
Ainda durante a entrevista, Humberto Gessinger negou sentir qualquer pressão para voltar a tocar com Augusto Licks e Carlos Maltz. O músico disse que o trabalho ao lado dos colegas representa apenas 7 anos de uma carreira que contabiliza quatro décadas.
"Não sinto pressão. Cada vez que as pessoas conheçam mais o trabalho que estou fazendo, menos forte fica esse ruído. Foram 7 anos da minha carreira, legais pra caramba, mas ela tem 40 anos. Não tenho problema de falar sobre isso, é que se eu me aprofundar, vou estar comparando colegas de várias gerações, e eu não quero comparar, acho isso extremamente deselegante. E outra coisa que acontece é que me colocam em uma posição esquizofrênica de me comparar a mim mesmo. É mais pressão comercial do que artística."
Atualmente, o vocalista e baixista revisita dois momentos específicos da carreira de sua antiga banda, em uma turnê focada nos álbuns Acústico MTV (2004) e Acústico: Novos Horizontes (2007). Ambos os trabalhos foram gravados já sem Licks e Maltz, que saíram na década de 1990, mas trazem versões para várias músicas originalmente concebidas com eles.
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