Ícone da 'segunda geração da Bossa Nova', Marcos Valle faz 81 anos

Um dos expoentes da chamada “segunda geração da Bossa Nova”, o cantor, compositor e pianista Marcos Valle completa 81 anos neste 14/09/2024.

Com mais de 500 composições, o também arranjador nasceu em 1943 no Rio de Janeiro. Marcos Valle tem mais de 30 discos gravados, sendo autor de sucessos do porte de “Samba de Verão”, “Viola Enluarada” e “Preciso Aprender a Ser Só” - todas em parceria com o irmão, o letrista Paulo Sérgio Valle.

No início dos anos 60, Marcos Valle formou um trio de breve duração com Edu Lobo e Dori Caymmi - em 2018, mais de cinco décadas depois, eles gravaram um disco juntos para celebrar a amizade de longa data.

No transcorrer da carreira, Marcos Valle foi além da bossa nova, absorvendo influência de gêneros diversos, do soul ao jazz, e tocando com inúmeros artistas de renome do Brasil e do exterior. Ele também foi parceiro de Sérgio Mendes, morto em 6/9/2024 e que foi uma personalidade fundamental na difusão da bossa nova no exterior.

Considerada um divisor de águas na história da música brasileira, a Bossa Nova tem como marco inicial a canção "Chega de Saudade", composição de Tom Jobim e Vinicius de Moraes que aparece no álbum "Canção do Amor Demais", de 1958, com Elizeth Cardoso, e no primeiro LP de João Gilberto, lançado no ano seguinte. Tom, Vinicius e João formam a "santíssima trindade" do gênero.

Desenvolvido na Zona Sul do Rio de Janeiro, o gênero passou a ser um ícone carioca e brasileiro no cenário internacional, graças ao talento não só do trio como de uma séries de outros músicos, como Carlos Lyra (foto). Saiba os expoentes da música no Brasil.

Integrante de uma fase mais avançada da bossa nova, Miúcha começou sua carreira em 1975 cantando ao lado de João Gilberto (com quem era casada à época) e do saxofonista de jazz Stan Getz no álbum "The Best Of Two Worlds".

Em 77, ela participou de projetos icônicos como o show Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha, o disco "Miucha e Antonio Carlos Jobim" e da peça "Os Saltimbancos", com músicas do seu irmão Chico Buarque

Conhecida como "a musa da bossa nova", apesar de não aceitar bem o apelido, a cantora Nara Leão atuou de forma importante durante o surgimento do gênero.

No apartamento em que morava com os pais, em Copacabana, a cantora promovia encontros de músicos que seriam consagrados no estilo. Dentre eles, nomes como Carlos Lyra e Roberto Menescal. Inclusive, foi ali um dos lugares escolhidos por Menescal para apresentar João Gilberto e sua original batida de violão aos amigos.

É impossível falar dos principais artistas da Bossa Nova sem citar o compositor e diplomata Vinicius de Moraes, apelidado carinhosamente por Tom Jobim de "Poetinha".

A estreia de Vinicius na Bossa Nova aconteceu também no já destacado disco "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso. Todas as faixas do álbum foram compostas pelo poeta em parceria com Tom Jobim, como a música-título, "Chega de Saudade", "Luciana" e "Janelas Abertas".

Astrud Gilberto nasceu em Salvador em 1940 e foi morar com a família ainda criança no Rio de Janeiro, onde cresceu. Sempre se interessou por música. Em 1959, ela se casou com João Gilberto, de quem adotou o sobrenome.

No Rio de Janeiro, participou de apresentações ao lado do marido e de artistas como Nara Leão, Johnny Alf e Elza Soares, entre outros. Uma delas foi “A noite do amor do sorriso da flor”, no anfiteatro da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, em 1960. É dela a voz em "Garota de Ipanema" e "Corcovado" no histórico álbum "Getz/Gilberto", de 1964.

Embora tenha começado a sua carreira interpretando músicas de samba-canção, Maysa se tornou um dos grandes ícones da bossa nova em 1961, após gravar "O Barquinho", de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, com quem foi casada.

Em 2009, o diretor Jayme Monjardim, filho da cantora, homenageou a mãe com a minissérie "Maysa: Quando Fala o Coração", apresentando a artista para as novas gerações.

Um dos principais parceiros de Vinícius de Moraes e Chico Buarque, Toquinho trabalhou em inúmeras trilhas musicais para o teatro e, posteriormente, acabou se estabelecendo como um compositor voltado para o universo infantil.

Com Vinícius, o músico gravou os álbuns "A Arca de Noé" e "A Arca de Noé 2", mas seu maior sucesso mesmo é "Aquarela": incluída em um comercial da Faber Castell, a canção faz parte da memória afetiva de muita gente e até hoje é adorada por crianças e adultos.

Há muitos artistas que não estiveram ligados diretamente ao movimento da bossa nova, mas que fizeram contribuições importantes para o gênero. É o caso de uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, Elis Regina.

A intérprete lançou, em 1974, ao lado de Tom Jobim, o disco "Elis e Tom". No álbum, ela dá voz a canções que até hoje são consideradas clássicos da Bossa Nova.

Cantor, violonista e compositor, Carlos Lyra - morto em 16/12/2023 - é um dos principais artistas da bossa nova, pois contribuiu com canções importantíssimas para o movimento.

O primeiro disco de João Gilberto, por exemplo, "Chega de Saudade", tem três músicas suas. Dentre elas, estão "Lobo Bobo" e "Saudade fez um Samba", parcerias com Ronaldo Bôscoli que fizeram grande sucesso e são lembradas até hoje.

Considerado um dos precursores da Bossa Nova, Roberto Menescal é produtor, instrumentista e compositor. Dentre os seus maiores sucessos, estão obras como "Você, Nós e o Mar", "Telefone" e "O Barquinho".

Além disso, Roberto Menescal também ajudou a levar a música brasileira para o exterior, especialmente para Japão e EUA. Nas terras do Tio Sam, participou do famoso concerto de bossa nova no Carnegie Hall, em 1962.

Tom Jobim foi cantor, arranjador, violonista, pianista e maestro, além de um grande compositor. Aliás, ele é autor de mais de 300 canções, muitas delas de bossa nova, sendo um dos nomes principais do gênero.

No início da parceria com João Gilberto, Tom Jobim também assina faixas do  álbum de estreia do companheiro. Além da faixa-título "Chega de Saudade", também estão no álbum os sucessos "Desafinado" e "Brigas Nunca Mais".

No final da década de 1950, João Gilberto surgiu com uma "batida diferente", com influências do jazz e do samba. A criação, dentre outras coisas, "simplificava" o ritmo do samba, trazia acordes com dissonâncias e já soava completa apenas com voz e violão.

A primeira gravação profissional de João Gilberto apareceu no disco "Canção do Amor Demais" (1958), de Elizeth Cardoso, onde tocou duas músicas no violão. Um ano depois, o músico lançou seu próprio disco, intitulado "Chega de Saudade". A partir daí, alcançou fama tanto no Brasil quanto no exterior e influenciou muitos músicos das gerações seguintes.