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Ignácio de Loyola Brandão: 'Eu não te empresto livro, te dou'; conheça a biblioteca do escritor

Dono de um acervo de 20 mil títulos, imortal da ABL abre apartamento para o 'Estadão' e revela autores e livros favoritos na série 'Coleção de Livros'; veja vídeo

20 mar 2025 - 09h41
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No apartamento do escritor Ignácio de Loyola Brandão, 88, os livros estão por todos os lados. Não só nas estantes que cobrem as paredes da residência onde mora com a mulher, Márcia, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, mas também nos degraus da escada que leva ao segundo andar, onde fica o escritório do autor - "esses exemplares ainda precisam ser guardados", desculpa-se, enquanto sobe e convida a equipe de reportagem da série Coleção de Livros, que estreia sua segunda temporada, a fazer o mesmo.

O pai do escritor, um ferroviário, era um leitor ávido que economizava dinheiro para os clássicos da literatura e conseguiu colecionar cerca mil exemplares na casa da família Brandão na cidade de Araraquara, interior de São Paulo. "Ele comprou a coleção inteira de Balzac e leu tudo, eu li tudo", conta.

Imortal da Academia Brasileira de Letras desde 2019 e colunista do Estadão desde 1993 (leia aqui suas crônicas), o autor paulista conta que já acumulou um acervo com 20 mil exemplares, mas ultimamente vem se desfazendo de parte deles. Cerca de 800 foram doados para uma pequena biblioteca na comunidade rural de Cangalha, na cidade Aiuruoca, sul de Minas Gerais, "onde nasceu a (atriz) Isis Valverde", explica, empolgado.

Não que não tenha apego aos títulos que colecionou em seus quase 90 anos de vida, mas ficou 'mexido' quando descobriu que o sociólogo e crítico literário Antonio Candido doou quase todo seu acervo para amigos e conhecidos, já no fim da vida. "É duro desapegar, porque cada livro faz parte de um momento da gente. Mas tem livro que eu não abro há 30 anos! O que adianta?", pergunta. Dia desses, pediram que o escritor emprestasse seu exemplar de Os Irmãos Karamazov, clássico de Dostoiévski. "Eu disse: 'não te empresto, te dou! E quem quiser vir aqui (em casa), (também) leva!'", brinca.

Foram mais de três horas de conversa remexendo estantes, relembrando histórias sobre os primeiros passos no jornalismo (começou no Última Hora de Samuel Wainer - 'me ensinou muito!') e contando sua relação com obras e escritores contemporâneos. Revelou que foi muito próximo a Jorge Amado - "um amigo incrível" - e Lygia Fagundes Telles, que o apresentou à discreta Clarice Lispector. "Ela me viu e disse: você é de Leão!" A escritora ucraniana naturalizada brasileira acertou em cheio, já que Ignácio de Loyola Brandão nasceu no dia 31 de julho de 1936, sob o signo de Leão.

Ignácio de Loyola Brandão trabalha rodeado por seus livros
Ignácio de Loyola Brandão trabalha rodeado por seus livros
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

"Tudo isso é Clarice", aponta o escritor para uma prateleira repleta e de onde saca a biografia da escritora, fruto do trabalho do historiador norte-americano Benjamin Moser, além de um livro de capa dura com todos os contos da autora, também organizado por Moser. "É uma belíssima edição", celebra.

A obra de Graciliano Ramos, conta, só conheceu depois de trabalhar com o filho do escritor alagoano, o jornalista Ricardo Ramos. "Ele me dizia: 'leia meu pai'. Eu li Vidas Secas, li Angústia. E fiquei apaixonado. O autor que mais me influenciou foi Graciliano". E quando o cinegrafista do Estadão pergunta em qual prateleira estão essas obras, Loyola Brandão confessa: "Vidas Secas minha sobrinha levou".

Os favoritos do imortal

No passeio pela coleção de livros do escritor, fica difícil arriscar quais obras e autores Loyola Brandão vai eleger no momento de separar seus favoritos, algo que faz no final do programa.

Mas algumas pistas são dadas.

Ao passar pela prateleira onde está o norte-americano William Faulkner, outra confissão: "Eu queria escrever como Faulkner quando era jovem."

A escritora de romances policiais Patricia Highsmith, famosa pelos seus thrillers criminais e pelo personagem Tom Ripley, 'vizinha' de estante de Faulkner, também ganha a menção honrosa do imortal brasileiro. "(Ela é) uma das mulheres que eu mais adoro, tenho todos os livros publicados em português. O Sol por Testemunha foi um dos que mais impactou minha geração".

Estadão
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