Carnaval 2013

Veja como funciona a bateria da Vai-Vai

Roberta Figueira Há 40 anos no comando da Vai-Vai, Antônio Carlos Tadeu, conhecido como mestre Tadeu, é autoridade quando o assunto é samba. “Quando assumi a bateria ainda estávamos vivendo uma ditadura e havia muito preconceito com os sambistas. Hoje as coisas mudaram, o Brasil é outro e as coisas ficaram mais fáceis”, afirmou ele. Seguindo seu apito, a bateria da Vai-Vai deixou de receber a nota máxima apenas três vezes, sendo 9,5 a nota mínima. Mestre Tadeu se gaba do estilo próprio e agressivo de sua bateria, que segundo ele não sofre influencia do Rio de Janeiro. E não é qualquer um que consegue fazer parte desse seleto grupo. Em 2013, a escola levará 320 ritmistas para o Anhembi. “Sempre tentamos montar uma bateria com algo entre 10% e 15% do número de componentes da escola”, explicou Fernando Penteado, diretor geral de harmonia. Em março os interessados em integrar a bateria já começam a procurar os diretores de bateria. Após um teste de aptidão os candidatos começam a participar dos ensaios por volta de abril. “A coisa esquenta mesmo seis meses antes do Carnaval”, afirma metre Tadeu. A partir de agosto, com a seleção do samba-enredo os ensaios se intensificam e há uma seleção daqueles que de fato entraram na avenida. “Às vezes demora dois, três anos para o ritmista chegar no nível necessário para o desfile”, explica Fernando. Os ritmistas se revezam nos ensaios, que acontecem entre duas e três vezes por semana. No início são entre 60 e 80 ritmistas por ensaio, já mais próximo ao Carnaval começam a acontecer ensaios gerais. Para colocar ordem na casa, mestre Tadeu conta com quatro diretores de bateria: Felipe Sousa Santos (Poff), Augusto Dario (Bocão), Ademir Machado da Silva (Assanhado) e Roberto Lopes (Beto). A equipe se espalha no meio da bateria para garantir que todos vejam os sinais de comando. Cada paradinha ou breque possui um sinal gestual, ensaiado à exaustão até que toda a bateria esteja fazendo os movimentos com precisão. O número de breques varia de acordo com o samba-enredo, mas são eles que quebram o ritmo e incrementam o samba. Algumas paradinhas inovam e incluem ritmos diferentes como funk ou afoxé. Aqui o que vale é a criatividade do mestre para criar um novo samba a cada ano. Na avenida a bateria é avaliada por sua constância, entrosamento com o samba cantado, precisão durante os breques e até afinação dos instrumentos. De acordo com o manual do julgador da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, a bateria deve ser avaliada apenas com os ouvidos e não com os olhos. Os instrumentos considerados básicos e indispensáveis para uma bateria são o surdo, repinique (ou repique), caixa, tamborim e chocalho. No caso da Vai-Vai há ainda há participação do agogô, da cuíca, do reco-reco e do prato. A distribuição do número de ritmistas por instrumento e sua organização na avenida depende da escola e do objetivo do mestre. Em geral, os instrumentos leves, com sons agudos, como cuíca e agogô seguem na frente da bateria, seguidos de chocalhos e tamborins. Depois, seguem as caixas, repiniques e surdos. Confira como funciona a bateria de mestre Tadeu.