Por dentro da bateria

Roberta Figueira

Direto de São Paulo

Há 40 anos no comando da Vai-Vai, Antônio Carlos Tadeu, conhecido como mestre Tadeu, é autoridade quando o assunto é samba. “Quando assumi a bateria ainda estávamos vivendo uma ditadura e havia muito preconceito com os sambistas. Hoje as coisas mudaram, o Brasil é outro”, afirmou ele. Seguindo seu apito, a bateria da Vai-Vai deixou de receber a nota máxima apenas três vezes, sendo 9,5 a nota mínima. Mestre Tadeu se gaba do estilo próprio e agressivo de sua bateria, que segundo ele não sofre influência do Rio de Janeiro.

Atingir esse nível de excelência não é para qualquer um. Por isso, quem quer fazer parte do seleto grupo de ritmistas da escola precisa passar por um teste de aptidão. Logo depois do Carnaval, em março, os candidatos já procuram a diretoria. Os ensaios começam por volta de abril, mas, de acordo com o mestre Tadeu, é seis meses antes do desfile que a “coisa esquenta”. Após a definição do samba-enredo, os ensaios se intensificam e há uma seleção de quem entrará na avenida. “Às vezes demora dois, três anos para o ritmista chegar no nível necessário para o desfile”, afirmou Fernando Penteado, diretor geral de harmonia.

Em 2013, a escola levará 320 ritmistas para o Anhembi. “Sempre tentamos montar uma bateria com algo entre 10% e 15% do número de componentes da escola”, explicou Fernando. Para colocar ordem na casa, mestre Tadeu conta com quatro diretores de bateria: Felipe Sousa Santos (Poff), Augusto Dario (Bocão), Ademir Machado da Silva (Assanhado) e Roberto Lopes (Beto).

A equipe se espalha no meio da bateria para garantir que todos os ritmistas vejam os sinais de comando dos breques. O número dessas paradinhas varia de acordo com o samba-enredo, mas são elas que quebram o ritmo e incrementam o samba, incluindo às vezes até outros ritmos. Aqui o que vale é a criatividade do mestre para criar um novo samba a cada ano.

A bateria é avaliada por sua constância, entrosamento com o samba cantado, precisão durante os breques e afinação. Os instrumentos considerados básicos e indispensáveis para uma bateria são o surdo, repinique (ou repique), caixa, tamborim e chocalho. No caso da Vai-Vai há ainda há participação do agogô, da cuíca, do reco-reco e do prato. A distribuição do número de ritmistas por instrumento e sua organização na avenida depende da escola. Em geral, o prato, a cuíca e o agogô seguem na frente da bateria, seguidos de chocalhos e tamborins. Depois, seguem as caixas, repiniques e surdos.

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