Encaro a mim mesma no espelho, frustrada. Maldito cabelo, que simplesmente não obedece, e maldita Katherine Kavanagh que resolveu ficar doente e me submeter a essa tortura. Eu deveria estar estudando para as provas finais, que são daqui a uma semana, mas estou tentando amansar meu cabelo com a escova. Não devo dormir com ele molhado. Não devo dormir com ele molhado. Recitando várias vezes esse mantra, tento, mais uma vez, escová-lo até domá-lo. Reviro os olhos exasperada e fito a garota pálida de cabelo castanho e olhos azuis grandes demais para o seu rosto olhando para mim e desisto. Minha única opção é prender o cabelo rebelde num rabo de cavalo e esperar que eu fique mais ou menos apresentável. Kate é garota com quem divido a casa, e escolheu logo hoje para ser vencida pela gripe. Portanto, não pode fazer a entrevista que conseguiu, com um megamagnata industrial de quem nunca ouvi falar, para o jornal da faculdade. Então ela me convocou como voluntária. Preciso meter a cara para as provas finais, tenho um ensaio para terminar, e devia ir trabalhar hoje à tarde, mas não: vou dirigir duzentos e setenta quilômetros até o centro de Seattle para encontrar o enigmático CEO da Grey Enterprises Holdings, Inc. Como empresário excepcional e principal benemérito de nossa universidade, seu tempo é extraordinariamente precioso — muito mais precioso que o meu —, mas ele concedeu uma entrevista a Kate. Uma grande conquista, diz ela. Malditas atividades extracurriculares de Kate.