A literatura evolui com a humanidade
Sábado, 01 de setembro de 2001, 19h38
Vencedor do Concurso de Contos Josué Guimarães, atual presidente da Associação Gaúcha de Escritores, criador da Revista Blau e proprietário da WS Editor. Esse é Walmor Santos, escritor gaúcho que criou a revista literária Blau e foi, por três vezes, vencedor do prêmio Açorianos de MÃdia Cultural Imprensa. Pergunta - Você afirmou que a literatura é como uma autoterapia. Seria um instrumento de reorganização interior? Como explicar isso? Walmor Santos - Para mim, a literatura realmente é uma forma de reorganização, principalmente dos sonhos e das frustrações. Eu, quando escrevo algo que não seja pessoal, seja de um amigo ou até uma notÃcia de jornal, sobre algo que me sensibilizou, de certa forma, começo a tentar explicar o porquê de aquilo existir, porque que o conflito acontece e como eu acho que pode ser resolvido. Normalmente, quando eu escrevo sobre algum tema, em primeiro lugar, passo a entendê-lo melhor e olhá-lo de uma forma mais corajosa, mais organizada, ou seja, uma visão maior da vida. Pergunta - Na sua opinião o e-book representa uma ameaça ao livro impresso? WS - Acho que não, porque o homem não inventa nada que não venha para melhor, ainda que inicialmente sempre use isso mal, depois aprende a usar corretamente. Tudo o homem aperfeiçoa para melhor, nada vem para acabar com nada. Pergunta - Muitas crianças hoje não têm paciência para obras como as de Monteiro Lobato, por exemplo. Você acha que a literatura infantil mudou muito? WS - Bom, a literatura evolui tal qual o mundo. Como no meu caso, o conto no final do século XIX era muito longo. A geração de hoje não tem paciência para ler e, quando lêem, não sei se lêem melhor. A educação está muito decadente, passa por um processo de reformulação. E a literatura evolui como a humanidade. Pergunta - Após participar de algumas edições da Jornada, como avalia o crescimento desse verdadeiro movimento cultural? WS - Quando participei da Jornada em 91, ganhei o II Concurso de Contos Josué Guimarães. Depois disso, só deixei de participar de uma edição e, cada vez mais, me surpreendo com o crescimento de público, com as múltiplas ofertas culturais que o público tem à disposição. Cada vez mais, a Jornada torna-se maior, ainda mais agora, com a Jornadinha. Ela mostra ao mundo que é preciso fazer coisas e não reclamar de coisas.
Divulgação/Redação Terra
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