Letícia Sabatella diz sentir dor dos excluídos ao cantar
Atriz e Fernando Alves Pinto encerram curta temporada de ‘Piaf e Brecht – A Vida em Vermelho’ em São Paulo
Neste sábado (4) chega ao fim a temporada de apenas quatro apresentações do espetáculo ‘Piaf e Brecht – A Vida em Vermelho’, no Teatro B32, na capital paulista. A direção é de Bruno Perillo.
O autor Aimar Labaki roteirizou um encontro imaginário entre a cantora francesa Edith Piaf (1915-1963), uma das maiores vozes de todos os tempos, e o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), consagrado com seu teatro épico a respeito das profundezas humanas e sociais.
Letícia Sabatella conversou com o blog.
Como a obra de Edith Piaf toca você?
Piaf e Brecht foram contemporâneos e traduziram em arte o que gritavam os oprimidos. Ela trouxe dignidade às prostitutas, aos moradores de rua, teve contato profundo com a dor de pessoas que eram marginalizadas, excluídas. Cruzou uma época do mundo com duas guerras. Uma mulher pequena que tinha a voz das ruas de uma grande cidade, Paris. A voz dos prostíbulos, um símbolo da força interior, da resistência, que toca e transforma quem a ouve. Ela é transparente e, ao mesmo tempo, um mistério.
Identifica o contexto social no repertório da cantora?
Piaf cantava a verdade, a mensagem do coração. Era um espelho do que as pessoas sentiam. Quando ouço Piaf, eu sinto o mesmo que ela sentiu. A mesma força de Piaf a gente encontra no povo brasileiro, em muitas mulheres, muitas mães, que lutam para sobreviver.
O que escuta no dia a dia?
Ouço os pássaros, o silêncio, música instrumental, piano... Ouço coisas novas também. Amy Winehouse, Elza Soares... Gosto de ouvir minha mãe cantando... O meu universo musical é muito diverso. A música é um mecanismo de transcendência. É física e, ao mesmo tempo, algo sublime. Une dois mundos. A gente consegue tocar a terra e o divino.