"Retrocesso", diz Luiza Brunet sobre fala machista de do Val
Em papo exclusivo com o Terra, ativista e influenciadora comentou o caso; político conhecido como Mamãe Falei pode ter mandato cassado
Ativista contra violência da mulher, Luiza Brunet, de 59 anos, encara as falas machistas de Arthur do Val, deputado estadual do Podemos, como "retrocesso", principalmente por serem ditas tão próximas do Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira, 8.
Em entrevista exclusiva ao Terra, Luiza afirmou que é ótimo ter um dia para comemorar, mas que a celebração deste ano terá um sabor diferente.
"Muitas mulheres sofreram violências graves nessa última semana, principalmente, com o episódio desse político [Arthur do Val] falar de forma tão horrorosa, tão sexista sobre as mulheres ucranianas, que estão extremamente vulneráveis por conta da guerra", disse ela.
Na noite de sexta-feira, 4, circularam na internet áudios do parlamentar afirmando que as mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres. O país está em guerra desde o dia 24 de fevereiro, quando tropas russas invadiram o território da Ucrânia.
"Quando uma mulher está num front de guerra, vulnerável e você ouve uma frase dessa, me dá vergonha. Ele foi muito infeliz em falar, mas falou o que ele sentia", acrescenta Luiza.
Consequências
Para Luiza Brunet, a exposição negativa que Arthur do Val vem recebendo é uma das maneiras de conscientizar e coibir que mais pessoas sigam pelo caminho da violência, seja ela física, verbal ou psicológica. Essa é uma forma, segundo a ex-modelo, de educar os homens. Afinal, quando um é exposto, os demais passam a ter medo.
“Eu acho incrível ter um dia para comemorar, mas acredito que amanhã a comemoração estará um pouco amarga por conta disso", reforça.
O lado de Arthur do Val
Assim que voltou ao Brasil do que chamaram de "missão humanitária", o deputado do Podemos reconheceu o erro e pediu desculpas por sua postura. Apesar de admitir a autoria dos áudios, ele poderá ter seu mandato cassado.
Nesta segunda-feira, 7, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo recebeu dez representações contra o parlamentar - a maioria delas pedindo a perda do mandato. As representações devem tramitar no colegiado por até 30 dias.