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Maior ameaça à Globo não é Record, SBT nem Bolsonaro

Emissora líder na TV aberta vê um gigante do entretenimento digital ganhar cada vez mais território e ‘roubar’ talentos

21 out 2021 - 09h17
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Globo está na guerra por assinantes de streaming e vê seu território ameaçado
Globo está na guerra por assinantes de streaming e vê seu território ameaçado
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

Apesar de registrar nos últimos meses queda de audiência em horários nobres, como o do ‘Jornal Nacional’ e o da novela das 21h, a Globo continua líder isolada no ranking da Kantar Ibope.

Na média das 7 à meia-noite, o canal carioca tem mais do que a soma dos índices de Record TV e SBT juntos. Derrotas pontuais, como nas transmissões de futebol na emissora de Silvio Santos, não ameaçam o império global.

No momento, as atrações mais vistas nas 3 redes são, respectivamente, a edição especial de ‘Império’ (média de 27 pontos), a inédita ‘Gênesis’ (12 pontos) e a reprise de ‘Coração Indomável’ (7 pontos).

O último susto que o canal do bispo Edir Macedo deu na inimiga Globo foi em 2015, quando a trama bíblica ‘Os Dez Mandamentos’ impôs derrotas com ampla vantagem numérica na aferição de público. O capítulo com exibição da abertura do Mar Vermelho ficou 9 pontos à frente.

Já o SBT não desestabiliza a concorrente há mais tempo. O último fenômeno aconteceu no final da década de 1990, quando a primeira versão brasileira do folhetim infantojuvenil ‘Chiquititas’ venceu várias vezes o ‘JN’.

Hoje, a maior ameaça à Globo não são as rivais de sinal aberto tampouco os canais pagos, afetados pela redução no número de assinantes em razão dos cortes no orçamento de milhões de famílias em crise econômica. O grande adversário é a Netflix.

A gigante americana do streaming atrai cada vez mais pagantes. Recente vazamento de documento revelou que possui 19 milhões de clientes no Brasil. A expectativa é registar aumento relevante de novos contratos até o final do ano, apesar da perda de poder de compra no País.

No trimestre de julho a setembro, a empresa contabilizou globalmente mais 4,4 milhões de assinantes e prevê a chegada de outros 8,5 milhões até dezembro. O lucro no período foi de 1,5 bilhão de dólares, cerca de R$ 8 bilhões.

Com fôlego financeiro aparentemente infindável, a Netflix investe cada vez mais em produções nacionais e na contratação de ex-estrelas da Globo. Já levou protagonistas como Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso e Marco Pigossi. A comediante Ingrid Guimarães acaba de fazer a mesma troca. 

A companhia segue o plano de lançar conteúdos brasileiros mensalmente: de séries ficcionais e documentários a filmes e reality shows. “As melhores histórias em todos os gêneros e formatos para diferentes gostos”, informou em comunicado à imprensa.

Essa ambição fez a Netflix olhar para as novelas, o terreno sagrado onde a poderosa Globo reina absoluta desde a década de 1960. A empresa vai investir em produções de média duração, até 50 capítulos, como ‘Verdades Secretas 2’, lançada com alarde midiático na quarta-feira (20) no Globoplay.

Fala-se em negociação da provedora de streaming gringa com autores e diretores que deixaram a emissora carioca recentemente. Não faltam talentos disponíveis para reproduzir o ‘padrão Globo de novelas’ no catálogo da Netflix brasileira. O público sinaliza interesse crescente no consumo desse formato de ficção no on-line.

Em 2022, os principais desafios da TV da família Marinho são a renovação de sua concessão (a decisão inicial é do presidente Jair Bolsonaro), a recuperação do lucro (encolheu 77% de 2019 a 2020) e enfrentar a expansão ambiciosa da Netflix.

Enquanto isso, o Globoplay segue em ascensão. Teve aumento do número de contratos e no faturamento. A receita entre abril e junho foi 68% maior do que no mesmo período de 2020. O mercado estima que poderá atingir R$ 1 bilhão este ano.

A plataforma que completa 6 anos em novembro se tornou imprescindível para a saúde financeira do grupo, a criação de nova geração de telespectadores e assegurar a relevância da Globo no universo digital.

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