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Marianne Faithfull, voz do "Swinging London" dos anos 60, morre aos 78 anos

30 jan 2025 - 17h22
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Marianne Faithfull, a mulher selvagem da efervescência cultural dos anos 60 em Londres que sobreviveu ao vício em de drogas, à falta de moradia, a dois comas, ao câncer e à Covid-19, morreu aos 78 anos, após uma carreira de cantora que começou na adolescência e durou até os seus 70 anos.

"É com profunda tristeza que anunciamos a morte da cantora, compositora e atriz Marianne Faithfull", disse seu porta-voz em um comunicado nesta quinta-feira.

"Marianne faleceu pacificamente em Londres hoje, na companhia de sua amada família. Sua falta será muito sentida."

Filha de um oficial da inteligência britânica da Segunda Guerra Mundial, Faithfull  teve um lugar de destaque na fase de drogas, álcool e excessos sexuais dos primeiros anos do rock.

Sua voz lenta e assombrosa em seu primeiro hit, "As Tears Go By", de 1964, parecia um presságio de um lado mais sombrio do som pop britânico que conquistava corações em todo o mundo, com as primeiras músicas dos Beatles e dos Rolling Stones, que traziam um tom mais alegre.

Ex-namorada de Mick Jagger, Faithfull tornou-se viciada em heroína e sofria de anorexia quando o relacionamento terminou,  vivendo dois anos nas ruas do distrito de Soho, em Londres, no início da década de 1970.

Mas não importava o quanto ela caísse, Faithfull sempre se recuperava. Ela lançou 21 álbuns solo, incluindo o aclamado pela crítica "Broken English" em 1979, que lhe rendeu uma indicação ao Grammy, escreveu três autobiografias e construiu a carreira de atriz, no cinema.

Sua volta por cima mais recente ocorreu em 2020, quando contraiu Covid-19 nos primeiros dias da pandemia e entrou em coma durante uma estadia de três semanas em um hospital de Londres.

Mais tarde, seu filho Nicholas lhe disse que a equipe médica tinha tanta certeza de que ela não se recuperaria que escreveu uma nota no prontuário recomendando: "Somente cuidados paliativos".

"Eles achavam que eu ia morrer!", disse Faithfull ao New York Times em abril de 2021.

Mas ela melhorou e, em um ano, terminou o álbum no qual estava trabalhando antes de adoecer: "She Walks in Beauty", uma coletânea de poemas da era romântica musicados e lidos por ela.

Mais tarde, ela se queixou de sintomas de "Covid longo", como cansaço, problemas respiratórios e falta de memória, e teve que interromper uma entrevista em um podcast em junho de 2021.

Em março de 2022, Faithfull foi transferida para o Denville Hall, uma casa de repouso em Londres que abriga atores e outros artistas profissionais, segundo relatos da mídia.

Marianne Evelyn Gabriel Faithfull nasceu em 29 de dezembro de 1946, em Londres, filha de um oficial da inteligência britânica que interrogava prisioneiros de guerra. Sua mãe tinha parentesco próximo com a aristocracia austríaca.

Ela frequentou um internato em um convento católico romano desde os sete anos de idade, mas mesmo ali nutria um coração rebelde.

"Desde meus dias no convento, meus heróis secretos eram decadentes, estetas, românticos condenados, boêmios loucos e comedores de ópio", escreveu ela em seu livro de 1994, "Faithfull: An Autobiography", de 1994.

Os anos de formação de Faithfull ocorreram na Londres vibrante de meados da década de 1960, quando ela era uma cantora folk em ascensão. Aos 18 anos, ela se casou e teve um filho, mas foi a uma festa que mudou sua vida.

Lá, ela conheceu o empresário dos Rolling Stones, Andrew Loog Oldham, que lançou sua carreira na música popular e a levou para o círculo íntimo da banda.

Em 1966, ela deixou seu marido, o artista John Dunbar, e começou um relacionamento com Jagger, formando o "It Couple" da cena psicodélica de Londres. Faithfull contribuiu com backing vocals para o single "Yellow Submarine" dos Beatles e ajudou a inspirar "Sympathy For The Devil" dos Stones.

Mas grande parte de sua fama veio de seu envolvimento em aventuras regadas a drogas e bebidas com os bad boys do rock.

Ela e Jagger foram presos em 1968 por posse de maconha. Talvez sua mais notória travessura tenha sido quando a polícia a encontrou, enrolada em um tapete de pele de urso, durante uma busca por drogas na casa de campo de Keith Richards em 1967.

O incidente lhe rendeu um lugar permanente na história do rock n' roll, mas Faithfull  ressaltou posteriormente que não estava participando de uma orgia selvagem, como sugeriram os tabloides britânicos. Ela relata que  estava no banho quando a polícia chegou e, por isso, pegou a coisa mais próxima -- um tapete -- para se cobrir.

Ela reclamou que a duplicidade de padrões para as mulheres. Enquanto ela era difamada, as prisões ajudaram a reforçar a imagem de Jagger e Richards como foras-da-lei do rock. Faithfull também não gostou de ser retratada como nada mais do que a musa artística de Jagger.

"É um trabalho terrível. Você não tem nenhuma musa masculina, não é? Você consegue pensar em um? Não", disse ela em 2021.

Com o fim da década de 1960, a vida de glamour de Faithfull se desvaneceu rapidamente e ela passou dois anos vivendo nas ruas de Londres, viciada em heroína e anoréxica, após a separação de Jagger em 1970.

Em meio à miséria, ela encontrou um lado positivo.

"Para mim, ser uma viciada era uma vida admirável. Era o anonimato total, algo que eu não conhecia desde os 17 anos. Como uma viciada de rua em Londres, finalmente encontrei isso. Eu não tinha telefone nem endereço", escreveu em sua autobiografia.

A experiência serviu de base para o álbum "Broken English", que ela descreveu como sua obra-prima.

Apesar dos custos pessoais, incluindo uma overdose de pílulas para dormir na Austrália em 1969 que a deixou em coma, Faithfull apreciou a chance de aprender com grandes compositores como Jagger, Paul McCartney e John Lennon.

Ela planejava frequentar a Universidade de Oxford para estudar literatura, religião comparada e filosofia, mas, em vez disso, recebeu outro tipo de educação.

"Sabe, eu não fui para Oxford, mas fui ao Olympic Studios e assisti à gravação dos Rolling Stones e também à gravação dos Beatles. Vi as melhores pessoas trabalhando e como elas trabalhavam e, por causa de Mick, acho que também vi pessoas escrevendo -- um artista brilhante no auge de seu talento. Observei como ele escrevia e aprendi muito, e sempre serei grata", disse ela ao The Guardian em 2021.

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