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'Maus', clássica graphic novel sobre o Holocausto, é proibida em escolas do Tennessee

'Linguagem imprópia' e imagem de mulher nua motivaram decisão; Art Spiegelman se disse 'perplexo'

28 jan 2022 - 11h16
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Um distrito escolar do Tennessee votou pela proibição de uma graphic novel vencedora do Prêmio Pulitzer sobre o Holocausto, Maus, por causa da "linguagem imprópria" e de uma ilustração de uma mulher nua, de acordo com atas de uma reunião do conselho. O Conselho Escolar do Condado de McMinn decidiu, no dia 10 de janeiro, retirar Maus de seu curriculum, agências de notícias informaram.

Art Spiegelman venceu o Pulitzer em 1992 com este livro que conta a história de seus pais judeus vivendo na Polônia nos anos 1940 e o retrata entrevistando seu pai sobre suas experiências como sobrevivente do Holocausto.

Em uma entrevista, Spiegelman disse à CNBC que estava "perplexo" com a decisão do conselho escolar e chamou a ação de "orwelliana". "Isso me deixou de queixo caído, tipo, o quê?!", ele disse.

A decisão ocorre no momento em que autoridades conservadoras de todo o país tentam cada vez mais limitar o tipo de livros aos quais as crianças são expostas, incluindo livros que abordam o racismo estrutural e questões LGBTQ.

Os governadores republicanos da Carolina do Sul e do Texas pediram aos superintendentes que realizem uma revisão sistêmica de materiais "inapropriados" nas escolas de seus estados.

A ata da reunião do conselho escolar indica objeções sobre algumas das palavras usadas em Maus. A princípio, o diretor da Schools Lee Parkison sugeriu redigi-lo "para se livrar dos oito palavrões e da foto da mulher em questão". A mulher nua é desenhada como se fosse uma ratazana.

Na graphic novel, os judeus são representados como ratos e os nazistas como gatos. "O livro mostra pessoas enforcadas, mostra-as matando crianças. Por que o sistema educacional promove esse tipo de coisa? Não é sábio ou saudável", disse Tony Allman, membro do comitê da escola, sobre o livro que integrava o currículo das aulas de artes em língua inglesa dos alunos do 8º ano.

A supervisora de ensino Julie Goodin, uma ex-professora de história, disse que a HQ era uma boa forma de representar os eventos de terror. "É difícil para esta geração. Essas crianças nem conhecem o 11 de Setembro, nem tinham nascido ainda'', disse Goodin. "As palavras são questionáveis? Sim, não há ninguém que pense que não são. Mas retirando a primeira parte não vai mudar o significado do que ele está tentando retratar."

Randi Weingarten, presidente da Federação Americana de Professores, que não desempenha um papel no condado de McMinn, comentou o timing da notícia no Twitter. De origem judaica, ela mencionou que quinta-feira, 27, foi o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. "Sim, é desconfortável falar em genocídio, mas é a nossa história e ensinar sobre isso nos ajuda a não repetir esse horror", ela disse.

O Museu do Holocausto dos EUA escreveu, no Twitter, que Maus desempenhou um papel vital na educação sobre o Holocausto por meio do compartilhamento de experiências pessoais e detalhadas de vítimas e sobreviventes. Explicar o Holocausto usando livros como Maus pode inspirar os estudantes a pensar criticamente acerca do passado e sobre seu papel e sua responsabilidade hoje."

O conselho escolar do Tennessee enfatizou nas atas que eles não se opunham ao ensino sobre o Holocausto, mas alguns estavam preocupados que o trabalho não fosse apropriado para a idade. Embora tenham discutido reescrever partes do livro, isso levou a preocupações com direitos autorais e os membros do conselho decidiram procurar um livro alternativo sobre o assunto.

Estadão
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