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Meta encerra programas de diversidade após liberar falas ofensivas contra comunidade LGBTQIA+

Meta anuncia fim de políticas de inclusão e flexibiliza entendimento de discurso de ódio nas redes sociais, gerando polêmica internacional

11 jan 2025 - 08h40
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Foto: Unsplash/Shutter Speed / Pipoca Moderna

A Meta anunciou nesta sexta-feira (10/1) o fim de seus programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), segundo informações divulgadas pelos veículos Axios e New York Post. A decisão ocorre na mesma semana em que a empresa, dona de Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, alterou seus termos de uso e gerou polêmica com mudanças na moderação de conteúdo.

Documento interno revela detalhes da decisão

O anúncio foi feito por Janelle Gale, vice-presidente de recursos humanos da Meta, por meio da rede de comunicação interna da empresa. No documento, Gale justificou que o cenário político e jurídico dos Estados Unidos influenciou a decisão. Ou seja, a eleição de Donald Trump.

"O panorama jurídico e político em torno dos esforços de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos está mudando", afirmou. Segundo Gale, o termo "DEI" teria se tornado polêmico, "em parte porque é entendido por alguns como uma prática que sugere tratamento preferencial de alguns grupos em detrimento de outros". Alguns, nos casos, são os conservadores.

Mudanças na moderação de conteúdo

A Meta também anunciou alterações na moderação de publicações em suas plataformas, com foco em temas considerados mais graves, como terrorismo, tráfico de drogas, golpes e exploração sexual, ao mesmo tempo em que assuntos relacionados à imigração e identidade de gênero terão uma moderação mais leve, segundo a nova política da empresa.

O trecho do documento que trata da política de transparência causou indignação ao permitir que discursos que classifiquem pessoas LGBTQIA+ como "doentes mentais" ou "anormais" sejam veiculados sob justificativa de liberdade religiosa e política.

"Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade", diz a diretriz atualizada.

Reações e representações contra a Meta

A Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a Meta, alegando que as mudanças contrariam os avanços conquistados pelos direitos LGBTQIA+. A entidade relembrou que, em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação internacional de doenças.

Posicionamento de Zuckerberg

Prevendo reação, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, aproveitou as mudanças para criticar governos internacionais que, segundo ele, impõem censura às empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

"Vamos trabalhar com o presidente Trump para resistir a governos ao redor do mundo que vão contra empresas dos Estados Unidos e que queiram censurar mais", afirmou Zuckerberg em comunicado.

O executivo citou leis europeias e supostas cortes secretas da América Latina como exemplo de restrições à liberdade de expressão nas redes sociais. "A Europa tem um crescente número de leis que institucionalizam a censura, tornando difícil criar qualquer coisa inovadora por lá. Países da América Latina têm cortes secretas que exigem que companhias removam conteúdos na surdina. A China censura nossos apps de funcionarem lá. A única forma de resistir a essa tendência global é com o apoio do Governo dos EUA", declarou.

Repercussão internacional

As decisões recentes da Meta já geram debates em escala global, com especialistas em direitos humanos e grupos civis alertando para os riscos de amplificação de discursos de ódio sob a justificativa de liberdade de expressão. A União Europeia rebateu as declarações de Zuckerberg e disse que rejeita "categoricamente" as acusações de censura feitas por Zuckerberg.

As mudanças prometem ainda mais tensão em relação ao papel das redes sociais na regulação de conteúdos sensíveis. No ano passado, o X foi usado como combustível para alimentar ódio contra imigrantes no Reino Unido, resultando em violentos tumultos raciais. A nova diretriz da Meta permite que Facebook, Instagram e Threads se juntem a essa tendência.

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