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Morre Paula Rego, pintora ícone do feminismo

Artista portuguesa radicada em Londres tinha 87 anos e foi condecorada pela rainha Elizabeth

8 jun 2022 - 19h30
(atualizado às 19h51)
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Morreu nesta quinta-feira, 8, a pintora Paula Rego, aos 87 anos, em sua casa em Londres, onde era radicada desde a década de 1970. O governo de Portugal declarou luto oficial em memória da artista, uma das mais influentes da pintura modernista portuguesa, com obras em museus estrangeiros como Victoria and Albert e Tate, ambos na capital inglesa.

De família abastada, Paula Rego viveu à beira-mar quando criança, sofria de tuberculose, morou no Estoril e também em Ericeira, pequeno vilarejo que lhe rendeu memórias para o resto da vida. Em entrevista ao jornal português Público, a pintora classificou que suas mais profundas lembranças surgiram daquele lugar.

Das memórias de infância, a pintora criou todo um imaginário lúdico em sua obra, tendo começado, na década de 1970, uma pesquisa baseada nos contos populares portugueses, com uma série de guaches.

Feminista, as mulheres sempre tiveram um papel central na obra da pintora, que retratou a força feminina em diferentes alegorias, como na série em pastel Mulher Cão, de 1994, uma referência à própria obra (na década passada, 1980, começou a pintar várias telas em outra série que intitulou Menina e o Cão), em que discutia o lugar da força e questões de domínio. Paula Rego foi antenada na política portuguesa, mesmo morando no exterior, tendo apoiado a emancipação feminina e as pautas do movimento em Portugal, como o aborto, pintou diversas cenas de mulheres em situações degradantes, que viraram referência para artistas das novas gerações.

Prolífica, a artista bateu recorde em um leilão de 2015 com o quadro O Cadete e Sua Irmã, de 1988, que foi arrematado por 1,6 milhões de euros, recorde para a obra da portuguesa.

Várias fases marcam o trabalho da artista, ela experimentou com diversas técnicas, como colagens, óleos, desenhos e esculturas, tendo, durante sua carreira, mudanças radicais em seu estilo, sempre priorizando narrativas femininas. Era uma pintora poderosa, tendo refeito sua carreira depois da bancarrota familiar, ainda na juventude, e trilhado caminho acadêmico no estrangeiro (foi professora de pintura).

ícone do movimento feminista, ela pintou uma série inspirada no aborto, tema que mobilizou portgal há alguns anos 
ícone do movimento feminista, ela pintou uma série inspirada no aborto, tema que mobilizou portgal há alguns anos
Foto: Pinacoteca do Estado de São Paulo/divulgação / Estadão

Paula Rego enfrentou a depressão e a doença do marido Victor Willing (1928 - 1988) para uma esclerose múltipla, transportou para seus quadros atmosferas soturnas e figuras enfastiadas, como na série sobre depressão produzida entre 2006 e 2007.

Nos últimos anos, a pintora ganhou um documentário, Paula Rego: Histórias & Segredos, de Nick Willing, seu filho, co-produzido pela BBC. Em seu universo, o onírico se misturava com o zoomorfismo, em pinturas de animais estilizados, em fusão com personas humanas e criações que transitavam entre o animal e o homem. Esse aspecto animalesco, sem rudeza, era projetado em telas com toque de conto de fadas.

Condecorada pela rainha Elizabeth 2º em 2010, com a comenda da Ordem do Império Britânico dada pela sua contribuição com as artes do país, Paula Rego ganhou dezenas de prêmios e, em 2009, inaugurou-se o seu museu no Caiscais, a Casa das Histórias Paula Rego.

Estadão
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