Andy Bell está em sua melhor forma, diz líder do Erasure
- David Shalom
O tecladista e líder do Erasure, Vince Clarke, garante: seu colega de banda, o vocalista Andy Bell, portador do vírus HIV há quase 15 anos, está em sua melhor forma. A declaração do músico - que se apresenta com o duo britânico de música eletrônica em São Paulo nesta terça-feira (9), no Credicard Hall - foi feita durante entrevista concedida ao Terra na última sexta (5), um dia depois do primeiro show da turnê nacional, realizado em Brasília.
Durante a conversa, Clarke também falou sobre a condição que ele e o Erasure ganharam como ícones da música gay, apesar de, ao contrário de Andy, não ser homossexual. "Quando começamos a trabalhar juntos, a ideia era fazer músicas que fossem interessantes para todos. Mas aconteceu de a comunidade gay ter abraçado nossa música, de terem gostado do que fazíamos. Foi natural".
O britânico, que também se apresenta em Porto Alegre na quinta-feira (11), prometeu um desfile de sucessos para os próximos shows no Brasil, garantindo manter o mesmo repertório mostrado nos shows anteriores, ocorridos em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além do já citado na capital federal. "Estamos trazendo um set-list de hits, com as canções que todos conhecem. Quem quiser festejar, irá viver grandes momentos, e estamos ansiosos para dar isso aos fãs".
No bate-papo, Clarke ainda falou sobre o lado positivo da crise no mercado fonográfico, deu sua opinião sobre o atual momento da música eletrônica, respondeu a respeito de uma possível volta ao Depeche Mode e até disse o que pensa sobre o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo que tenta instituir o Dia do Orgulho Heterossexual.
Confira a íntegra da entrevista abaixo.
Terra - No início da carreira, o Erasure atingiu o topo das paradas de sucesso britânicas com quatro álbuns consecutivos. Contudo, com o passar do tempo, isso parou de ocorrer. Você acha que o motivo foi o próprio mercado, por causa da diminuição cada vez maior das vendagens de discos, ou foi algo natural, já que o estouro inicial havia passado?
Vince - Eu realmente acho que foi uma coisa natural. E, sabe, não ligamos nem um pouco para isso. Ao longo dos anos, construímos uma base muito sólida de fãs e também conseguimos assinar com alguns dos maiores selos de gravadoras do mundo. Ou seja, nos últimos 25 anos, fomos capazes de construir de fato uma carreira, o que nos deu a liberdade para fazer somente aquilo que queríamos fazer. Então, estar no topo das paradas e ter nossa música tocada o tempo todo pelas rádios talvez já não seja tão importante hoje quanto foi no começo da nossa carreira. Alcançamos uma posição que nos dá a oportunidade de viver daquilo que realmente gostamos, que é fazer música.
Terra - Quais as maiores mudanças que você viu ocorrer nos últimos 25 anos na música, especialmente no estilo eletrônico que sempre caracterizou suas composições?
Vince - Bem, eu espero que as minhas habilidades como compositor e as de Andy tenham melhorado (risos). Na indústria fonográfica em geral, obviamente, a maior mudança foi o início dos downloads de músicas na internet. Esse acontecimento foi mais revolucionário do que qualquer coisa que tenha surgido nos últimos 50 anos. Eu acho que isso deu a muitos músicos e compositores uma oportunidade que antes eles não teriam. Você não tem como ganhar tanto dinheiro com discos atualmente quanto tinha nos anos 1980, ou, sei lá, em 1995, mas, ao mesmo tempo, hoje há muito mais gente conseguindo se inserir nesse mercado e, para mim, isso é muito saudável. É simplesmente uma evolução.
Terra - No entanto, a grande maioria das pessoas faz os downoloads sem pagar. O que você acha disso?Vince - Bem, eu não estou tentando encorajar as pessoas a fazer downloads de graça. Mas, ao mesmo tempo, não há nada que possamos fazer a respeito. Isso alterou completamente a lógica de funcionamento do mercado e não existe a possibilidade de se terminar com eles. Naturalmente, ainda há formas de se fazer dinheiro na indústria fonográfica e me parece que tocar ao vivo agora se tornou muito mais importante para viver de música do que qualquer outra coisa. Antigamente, esse lucro vinha das vendas de discos, agora, vem dos shows. Para nós, isso é ótimo, pois sempre, desde o início, fizemos shows. Tivemos muita sorte, pois estávamos bem preparados para essa mudança.
Terra - Como está a saúde de Andy Bell, portador do vírus HIV desde 1998?
Vince - Está ótima! Sinceramente, hoje ele aparenta estar mais saudável do que nunca. Sua voz está soando melhor e há cerca de dez semanas ele participou de um programa de TV no Reino Unido no qual treinou para ser um cantor de ópera (Popstar to Operastar, exibido pelo canal ITV, deu ao cantor a conquista da 5ª posição). A doença fez com que Andy cuidasse de sua saúde de uma forma muito mais comprometida do que ele faria se não tivesse nada.
Terra - O Erasure é muito popular entre a comunidade homossexual, sendo visto como um ícone nesse nicho. Quando vocês começaram, imaginavam que sua música se tornasse tão forte entre os gays?
Vince Clarke - Eu acho que não. Acredito que, quando eu e Andy começamos a trabalhar juntos, a ideia era fazer músicas que fossem interessantes para todos. Não estávamos tentando atingir um mercado específico. Mas aconteceu de a comunidade gay ter abraçado nossa música, de terem gostado do que fazíamos. Foi natural.
Terra - Por qual razão você acha que o Erasure se tornou tão popular entre os homossexuais?
Vince - Bem, parte do motivo que nos fez tão populares foi estar no mercado há muito tempo, fazendo shows há muitos anos. A música que tocamos é de um estilo festeiro e este é justamente aquele que curtimos ouvir. Simplesmente aconteceu de essas canções terem conseguido um forte apelo nessa comunidade em particular.
Terra - A Câmara Municipal da cidade de São Paulo aprovou na semana passada um projeto de lei que cria o Dia do Orgulho Heterossexual. Qual é a sua opinião sobre isso? Você acha que a ideia carrega algo de homofóbico em seu conteúdo?
Vince - Bem, eu não sei nada sobre isso, mas pelo que você fala, me parece um pouco homofóbico, sim. No entanto, é difícil falar, pois não sei muito sobre o assunto.
Terra - Na sua opinião, quais são os nomes que representam melhor o estilo eletrônico nos dias de hoje?
Vince - Para mim, parecem existir agora muito mais bandas de música eletrônica do que na década de 1980. E eu acho isso incrível, sabe? Principalmente porque as pessoas que estão produzindo músicas nesse estilo não sabem nada sobre ele, não foi algo que cresceram ouvindo, é algo novo e completamente fresco. Eu também acho que, com a tecnologia melhorando de forma tão rápida, a música se torna acessível a um número maior de pessoas e isso aumenta bastante a quantidade de artistas que se arriscam nesse meio.
Terra - Qual artista novo da música eletrônica mais lhe agrada?
Vince - Bem, meu artista da semana é Robyn, da Suécia.
Terra - Você foi o fundador do Depeche Mode, um dos principais nomes da música eletrônica mundial. Há alguma chance de um dia você voltar a trabalhar com a banda?
Vince - Recentemente, eu terminei de gravar um projeto com (o guitarrista e compositor do Depeche Mode) Martin Gore. Eu e ele trabalhamos nos últimos seis meses em um disco de techno-dance e foi uma grande experiência. Eu realmente curti trabalhar com Martin depois de tanto tempo. Mas não me vejo envolvido com o Depeche Mode, até porque eles têm o estilo deles e eu tenho o meu. Melhor mantermos assim.
Terra - O Erasure iniciou a turnê brasileira na noite passada (quinta-feira, dia 4 de agosto), em Brasília. Como foi a apresentação, a primeira do duo na capital federal do País?
Vince - Foi muito bom. Fiquei surpreso, pois há muito tempo não tocávamos no Brasil e parece que as pessoas ainda se lembram de nós (risos).
Terra - O que os fãs brasileiros podem esperar dos próximos shows do Erasure?
Vince - Nós realmente mal podemos esperar pelos próximos shows. Estamos trazendo um set-list de hits, então apresentaremos somente as canções que todos conhecem. Quem quiser festejar, irá passar por grandes momentos, e estamos ansiosos para dar isso aos nossos fãs.
Serviço - Erasure no Brasil
São Paulo
Única apresentação: terça-feira, 09 de agosto de 2011
Local: Credicard Hall - Av. das Nações Unidas, 17.981 - Santo Amaro - SP
Central de Vendas: 4003-5588
Horário: 21h30
Duração: aproximadamente 1h30
Classificação etária: 16 anos desacompanhados - jovens de 14 ou 15 anos precisam de acompanhamento de seus responsáveis legais. Não será permitida a entrada de menores de 14 anos em diante
Lotação: 7.064 pessoas
Meio de Pagamento Preferencial: Credicard
Acesso para deficientes
Preços
Pista: R$ 180,00 (normal) R$ 90,00 (½ entrada)
Pista Premium: R$ 250,00 (normal) R$ 125,00 (½ entrada)
Camarotes Setor I: R$ 350,00 (normal) R$ 175,00 (½ entrada)
Camarotes Setor II: R$ 300,00 (normal) R$ 150,00 (½ entrada)
Plateia Superior I: R$110,00 (normal) R$ 55,00 (½ entrada)
Plateia Superior II: R$100,00 (normal) R$ 50,00 (½ entrada)
Plateia Superior III: R$ 90,00 (normal) R$ 45,00 (½ entrada)
Visão Parcial (Plateia Superior) R$ 70,00 (normal) R$ 35,00 (½ entrada)Horário: a partir das 21h
Porto Alegre
Única apresentação: quinta-feira, 11 de agosto
Local: Pepsi On Stage - Av, Severo Dulius, 1.995
Abertura da Casa: 19h
Início do show: 21h
Duração: aproximadamente 1h30
Classificação etária: 12 anos
Ingressos: pelo telefone (4003-1212) ou pelo site www.ingressorapido.com.br - todos os cartões, sujeitos à taxa de conveniência
Pontos de venda: My Ticket - Rua dos Andradas, 1425 - Loja 69 (somente em dinheiro)
Preços:
Pista - R$ 95,00 (1º lote)
Pista - R$ 125,00 (2º lote)
Pista - R$ 150,00 (3º lote)
Mezanino - R$ 160,00 (1º lote)
Mezanino - R$ 190,00 (2º lote)