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Após 15 anos da estreia, Jota Quest diz não dever nada a ninguém

27 abr 2012 - 16h29
(atualizado às 17h33)
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Rafael Machtura

"Tenho 40 anos, uma filha de cinco, não sei quanto tempo mais viverei e não quero ficar me preocupando com que as pessoas estão pensando. F***-se, eu não tenho que provar mais nada para ninguém", disse, tranquilamente, Rogério Flausino depois de quase 40 minutos de conversa com o Terra, no início da semana. A despreocupação nas palavras do vocalista do Jota Quest (e o palavrão também) é quase um mantra no momento atual da banda. Comemorando 15 anos do lançamento do primeiro disco em uma grande gravadora - J. Quest, de 1993 -, o quinteto de Belo Horizonte tem estado "na moral" com o lançamento do especial Multishow Ao Vivo Jota Quest - Folia & Caos.

Com participações especiais de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, Erasmo Carlos, Pitty, Falcão, Maria Gadú, Otto, os irmãos Wilson Sideral e Flávio Landau e muitos outros nomes, o registro de shows e da intimidade do grupo no dia a dia da turnê 15 anos na Moral será exibido no próximo domingo (29), às 19h, pelo Multishow. O material, em DVD e CD, chega às lojas na sequência, e o Blu-Ray em junho.

"Em 2011, a gente ia gravar um disco, mas começou a rolar uma tensão, nada saía. Aí pensamos: 'tá rolando climão? Deixa para lá, não vai mudar fazer o álbum agora ou depois. Relaxa, vamos fazer aquela turnê de 15 anos que nos sugeriram e chamar uns amigos para cantar'", explicou o músico, ao ressaltar que o novo projeto surgiu ocasionalmente. No especial, o guitarrista Marco Túlio é um dos primeiros a dizer que, a princípio, foi relutante à ideia da turnê comemorativa.

Ao todo foram 80 shows pelo Brasil, 20 deles com uma produção maior de audiovisual, sob o comando dos diretores Joana Mazzuchelli e Daniel Ferro. Entre as apresentações, duas memoráveis: no Rock in Rio e no Show da Virada, no chuvoso Réveillon paulistano. "Foi uma bagunça onde a gente tentou salvar alguma coisa, por isso que estou gostando do nome. Primeiro, porque a gente não programou uma coletânea comemorativa que foi dar no show. Faltando uma semana para o lançamento da turnê, no Pier Mauá, no Rio, a gente pensou em convidar umas pessoas para a festa e falou que queríamos gravar o show. O fato é que depois caiu a ficha e em todas as capitais que íamos tocar chamávamos os amigos. Quando terminou o Rock in Rio, a gente falou: 'por que não lançamos um DVD com tudo isso?'".

Mas, para o registro ficar completo, faltava a gravação de um show mais produzido. "Então nós entramos em estúdio para nos preparar para o show no Credicard Hall, em São Paulo. Finalizamos quatro músicas, ensaiamos uns b-sides que não tocávamos há um tempão e chamamos mais amigos. E aí a Joana gravou mais outros 15 shows. Tudo o que você vê ali é o olhar da Joana".

Folia & Caos ainda aborda um fato raro em uma banda de alcance nacional e com mais de cinco milhões de discos vendidos: em quase 20 anos de carreira, o Jota Quest ainda mantém sua formação intacta. "Nunca rolou esse lance da gente querer tirar alguém ou de alguém querer sair. Mas tem que rolar muito respeito. A gente precisou aprender a engolir sapo, pedir desculpa e também a falar não". A relação parece funcionar, já que, no registro, não há nenhum momento de discussão dentro do grupo.

"A gente sempre discutiu. No nosso último DVD, de 2007, tem lá uns paus quebrando, mas nesse aqui a gente realmente não brigou. Eu acho que agora estamos todos meio reflexivos em relação ao futuro da banda e ao nosso próprio futuro", diz. "Acho que o grande barato do Folia & Caos foi que ele nos desconstruiu, foi um antídoto para toda aquela pressão que estávamos sentindo no começo de 2011. Fazia muito tempo que a gente não se divertia assim. Me lembrou muito a época em que tocávamos nos botecos de Belo Horizonte".

Outra passagem do especial que deve agradar os fãs é a intimidade do Jota Quest no camarim após os shows. Em um momento, Lenine pergunta, depois de fazer cara feia ao tomar uma dose de um destilado, se a banda sempre faz aquela festança. Em outro take, o tecladista Márcio Buzelin responde: "a gente não é mais jovem, então chamamos os amigos para beber com a gente, se não a gente não toca no dia seguinte". Com tanta bebida, animação e papo furado, é comum mais de 50 pessoas aparecerem no backstage.

A comemoração dos 15 anos de J. Quest também abriu espaço para lembrar as batalhas e vitórias do grupo. "Momentos gratificantes são o que não faltam. Cantar com Roberto Carlos Além do Horizonte em seu especial foi uma coisa de doido, foi quando a gente percebeu que estávamos subindo na vida", explica. "A gravação do nosso primeiro DVD na Praça do Papa, em 2003, também foi surreal. Duas noites em Belo Horizonte com 60 mil pessoas cada foi incrível. Mas tudo valeu a pena. Do perrengue da chegada a São Paulo para gravar o primeiro disco com Dudu Marote, quando andávamos de Kombi e passávamos fome, até quando começamos a ficar famosos no Sul, entre 1996 e 1998, quando neguinho corria atrás de nós como se fôssemos os Beatles. Tudo valeu a pena."

Relaxados, mais maduros, pais de família e ainda assim festeiros, os integrantes do Jota Quest seguem tranquilamente para outros anos como uma das maiores bandas do pop rock nacional. "Nós somos uma banda popular brasileira, que vende muitos discos e toca para muita gente. Passamos muito tempo tentando buscar a aprovação das pessoas e já estou de saco cheio disso, dessa galera. Agora é curtir a vida", desabafou Flausino.

A comemoração continua após o lançamento de Folia & Caos, mas sem muito estresse, como o bom mineiro gosta. "Vamos ficar pelo menos dois meses mais mansos, então, no final de junho, a gente vai fazer o lançamento no Rio de Janeiro e depois em São Paulo. Depois disso, acho que faremos uns dez shows desse especial até o final do ano".

Mas e o novo álbum? "Ah, depois que a gente der uma descansada, lá para janeiro, fevereiro, a gente volta a pensar nisso", explica, com a fala mansa, Rogério Flausino.

"Passamos muito tempo tentando buscar a aprovação das pessoas, e já estou de saco cheio disso. Agora é curtir a vida" diz Rogério Flausino sobre o lançamento de 'Folia & Caos'
"Passamos muito tempo tentando buscar a aprovação das pessoas, e já estou de saco cheio disso. Agora é curtir a vida" diz Rogério Flausino sobre o lançamento de 'Folia & Caos'
Foto: Rafael Kent / Divulgação
Fonte: Terra
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