Arthur Moreira Lima, referência no piano brasileiro, morre aos 84 anos
O músico tratava um câncer no intestino desde o ano passado
Morte do ícone
O músico Arthur Moreira Lima, que se tornou uma referência no piano brasileiro, morreu na quarta-feira (30/10) aos 84 anos. O artista tratava um câncer no intestino desde o ano passado, e estava na casa da família em Florianópolis. A informação foi confirmada pela enteada do pianista.
O velório de Moreira Lima acontecerá nesta quinta-feira (31), entre o meio-dia e às 16h, no cemitério e crematório Jardim da Paz, também em Florianópolis, em Santa Catarina.
Carreira de Arthur Moreira Lima
Nascido no Rio, Arthur Moreira Lima começou a estudar piano com Lúcia Branco (1897-1973), que também ministrou aulas para o mineiro Nelson Freire (1944-2021) e o carioca Tom Jobim (1927-1994). Seu currículo ainda se enriqueceu com outros dois professores de prestígio na Europa, Marguerite Long (1874-1966) e Rudolf Kehrer (1923-2013).
Em 1975, o mercado discográfico brasileiro foi surpreendido pelo LP duplo de Moreira Lima interpretando peças para piano do compositor Ernesto Nazareth (1863-1934). A união dos dois nomes foi ocasional, já que o pianista quase não frequentava os grandes circuitos internacionais.
O músico poderia ser seguido como solista em gravações com a Filarmônica de Viena ou com a Sinfônica de Boston, sob a direção de grandes regentes do final do século 20, mas optou por fazer história no Brasil. Ele colocou um piano na carroçaria de um caminhão e saiu tocando pelo país.
As plateias de Moreira Lima não tinham grandes noções sobre técnica e musicalidade, mas aprovavam seu repertório que mesclava músicas clássicas e popular. Ele foi criador do projeto "Piano pela Estrada", que obteve destaque restrito aos locais pelos quais passou.
Moreira Lima trazia no currículo dois prêmios de prestígio no pianismo internacional: um segundo lugar no Frédéric Chopin (1965) e um terceiro lugar no Tchaikovsky (1970). Ele ainda foi considerado um forte intérprete de compositores românticos como Liszt, Chopin, Serguei Prokofiev e Heitor Villa-Lobos.
Na década de 1980, ele também se tornou apresentador de um programa de concertos na extinta TV Manchete, além de ter feito gravações com o cantor Ney Matogrosso e ter incorporado mais três CDs de Villa-Lobos a seu acervo.