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Autor de 'Sentimental Demais', Evaldo Gouveia morre aos 91 anos

O artista estava em um leito da Unidade de Terapia Intensiva, no hospital de São Carlos, em Fortaleza

30 mai 2020 - 18h49
(atualizado às 19h10)
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O músico e compositor Evaldo Gouveia morreu aos 91 anos em Fortaleza, na noite de ontem 29. Autor da música Sentimental Demais, Alguém Me disse, Brigas, e Trovador, o cearense não teve a causa da morte divulgada.

O enterro foi realizado sem velório, por causa da pandemia do novo coronavírus
O enterro foi realizado sem velório, por causa da pandemia do novo coronavírus
Foto: EVALDO GOUVEIA /FACEBOOK / Estadão

Em 2017, Gouveia sofreu um AVC quando estava no Rio e precisou voltar para o Ceará. O artista estava em um leito da Unidade de Terapia Intensiva, no hospital de São Carlos, em Fortaleza. O enterro foi realizado sem velório, por causa da pandemia do novo coronavírus.

O cantor Fagner lamentou a morte do artista em sua rede social. "Era uma relação muito próxima, bem familiar; ele sempre me chamava de Raimundinho e falava com carinho da tia Chiquinha e do padrinho Zé Félix", escreveu. "A partida de Evado é uma grande perda para a música brasileira. Mas sua obra será eterna, pois seu repertório é imortal; fala de uma época, de um Brasil. Evaldo foi o primeiro Hit Maker do país.

Conheço Evaldo desde menino. Ele era afilhado dos meus pais e morávamos numa casa em frente da outra, na rua Floriano Peixoto, 1779; justamente a casa em que nasci. Ele era parceiro de serestas do meu irmão, Fares Lopes, que também ficou conhecido através da música como grande seresteiro. Era uma relação muito próxima, bem familiar; ele sempre me chamava de Raimundinho e falava com carinho da tia Chiquinha e do padrinho Zé Félix. Quando Evaldo foi embora para o Sudeste, queria que o Fares fosse com ele, o que não aconteceu, pois meu irmão era avesso à viagens e à carreira artística. Já eu comecei a cantar muito cedo, aos 6 anos de idade, possivelmente influenciado por essa relação e também pelo ambiente de minha casa, onde praticamente todos cantavam, principalmente meu pai que havia sido cantor no Líbano, onde nasceu. Lembro do dia que Evaldo voltou, para sua primeira apresentação com o Trio Nagô, na casa do Sr Otoni Diniz, na praia de Iracema, onde depois funcionou o restaurante Tia Nair. Ele já era famoso no Sudeste e isto foi motivo de muito orgulho para todos nós. O Sr Otoni viria a ser um dos grandes dirigentes do Fortaleza Futebol Clube e, certamente, influenciou o Fares na relação com o clube que, posteriormente, tornou-se um dos importantes homens do futebol cearense, tendo sido homenageado com uma Copa que leva seu nome. Particularmente tenho grande admiração pelo meu irmão, que também me influenciou na paixão pelo esporte, assim como pela música. E essas lembranças todas embalam meu som até hoje. O Evaldo e o Fares foram grandes referências nos anos de maior importância na influência para uma criança, para um jovem. A partida de Evado é uma grande perda para a música brasileira. Mas sua obra será eterna, pois seu repertório é imortal; fala de uma época, de um Brasil. Evaldo foi o primeiro Hit Maker do país. Nos apresentamos juntos, em alguns shows, em São Paulo e Fortaleza, especialmente no Teatro José de Alencar, no Cine São Luís e no Ideal Clube. Tive o prazer de gravar com Altemar Dutra "Sentimental Demais" e outra canção em parceria com nosso Fausto Nilo. Agora, só saudades e uma boa nostalgia ao lembrá-lo e cantá-lo. Descanse em Paz, meu irmão! ?

Uma publicação compartilhada por Raimundo Fagner (@fagneraimundo) em

As composições de Gouveia foram cantadas por artistas como Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Alaíde Costa e Maysa Monjardim. Ele também fez parte do Trio Nagô, ao lado de Mário Alves e Epaminondas Souza.

Altermar Dutra Jr. filho do cantor, lamentou a morte de Gouveia. "Quando estávamos juntos, era como um elo, que me fazia viajar nas lembranças paternas. Já chove esta saudade, Grande Evaldo Gouveia."

Estadão
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