Ayrton Montarroyos faz show em SP: “é um gosto de começo”
Finalista do ‘The Voice’ em 2015 não se incomoda de ser reconhecido pelo ‘talent show’
Entrevistar Ayrton Montarroyos por telefone é uma tarefa agradável: a voz calma e ao mesmo tempo empolgada, afetuosa e também poderosa, transforma suas palavras em música. É uma conversa com trilha sonora natural.
O cantor pernambucano, finalista da quarta temporada do ‘The Voice Brasil’, faz show em São Paulo nesta terça-feira (8), no Teatro Itália, região central da cidade.
Vai apresentar as canções do álbum que leva seu nome, lançado recentemente. “Estou afobado, com pressa, igual em começo de namoro”, revela o artista, de 22 anos, a respeito da expectativa.
Ansiedade esta que ele recusou ao fim da competição musical na Globo. Não quis fazer um álbum às pressas para aproveitar a visibilidade na mídia: “O ócio é fundamental para qualquer trabalho ligado à alma”.
O CD, disponível em seu canal no YouTube, começou a ser pensado em 2012. Montarroyos mergulhou em pesquisas para definir o repertório.
“Ouço de quatro a disco discos por dia. Às vezes até ritmos que não gosto, para ampliar minha visão da diversidade musical brasileira.”
Entre as canções selecionadas está ‘À Porta do Edifício’, composta por Zeca Baleiro para Cauby Peixoto. O gênio da MPB morreu em maio de 2016, aos 85 anos, antes de gravá-la.
“Tive a honra de conhecer e cantar com Cauby. Quando fui gravar a música decidi homenageá-lo. Fiz uma voz metalizada, ao estilo dele”, conta o jovem ídolo.
Há um ano e meio, Ayrton Montarroyos trocou o Recife, onde é uma figura pública festejada nas ruas, por São Paulo, metrópole na qual raramente o reconhecem durante as caminhadas que faz para desbravar a cidade.
“Quero esse gosto de começo, ou recomeço. Espero que gostem do meu trabalho não pela fama produzida pela TV, mas pela musicalidade, por aquilo que digo ao cantar”, explica.
Morador de Higienópolis, bairro aristocrático na zona central, ele sai literalmente às ruas em busca de espaço no cenário musical.
“Não tenho equipe. Vou à luta, peço para tocaram minhas canções. Um trabalho que exige 5% de talento e 95% de cara de pau.”
O rótulo inerente a quem esteve numa competição musical na televisão não o incomoda. “Gosto quando me abordam para perguntar ‘você não é o garoto do The Voice?’. Faz parte da minha história”, diz.
“Lá cantei ‘Carinhoso’ (de Pixinguinha), ‘Cálice’ (de Chico Buarque), ‘Fascinação’ (imortalizada na voz de Elis Regina). Só tenho boas lembranças e razões para me orgulhar do que mostrei diante das câmeras.”
Montarroyos não se mostra preocupado em atrair multidão. “O público pequenininho que me segue é fiel. Gosta de mim, se emociona com o que canto.”
Aos 17 anos, o virtuose fez show para apenas cinco espectadores num teatro paulistano. “Mas eram cinco pessoas interessadas em mim, na minha música, foi ótimo.”
As dificuldades de uma carreira baseada na essência autoral não o desanimam. “Serei sempre o cara com voz forte e suave, que conquista pela estranheza”, define. “Não tenho o talento para fazer o que a Anitta faz. Bato palmas, é talentosíssima.”
Ao ser questionado sobre o melhor de São Paulo, o cantor surpreende na resposta: “A paz. Aqui tem muitas áreas verdes. Saio para andar todo final de tarde, como um passarinho voando. Gosto de ver gente, interagir”.
E o pior da maior cidade do País? “A falta de paciência das pessoas. Há muita impessoalidade”.
Defeito este inexistente em seu álbum. A cada canção, Ayrton Montarroyos lança um convite a quem o ouve: aproxime-se para me conhecer melhor. Como recusar?
Show do álbum ‘Ayrton Montarroyos’
Terça, dia 8, às 21h00 (Classificação livre)
Teatro Itália – Av. Ipiranga, 344, Centro, São Paulo/SP.
Informações: (11) 3255-1979.
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(Foto: Reprodução/Facebook - Legenda: Ayrton Montarroyos não renega a fama conquistada na Globo: “Faz parte da minha história”)