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Bad Bunny lança primeiro grande disco de 2025

"Debí Tirar Más Fotos" vira fenômeno cultural com mistura de tradição musical e crítica política que ecoa em toda a América Latina

19 jan 2025 - 18h10
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Foto: Instagram/Bad Bunny / Pipoca Moderna

Álbum enraizado na cultura porto-riquenha

Bad Bunny lançou "Debí Tirar Más Fotos" no dia 5 de janeiro e o disco estourou no Spotify, com faixas transformadas em hinos da América Latina. Com o lançamento, o cantor virou o artista mais ouvido no mundo - e também no ranking americano. A faixa-título do disco também é a mais ouvida da semana no planeta e nos EUA.

"Debí Tirar Más Fotos" é uma homenagem profunda a Porto Rico e aos desafios enfrentados pela ilha. O cantor, que sempre fez questão de gravar em espanhol com sotaque local, lançou o trabalho mais porto-riquenho de sua carreira, explorando gêneros locais como bomba, plena e reggaeton, além de abordar questões políticas e culturais, mas as lutas foram consideradas comuns a vários países do continente.

Memória e resistência

O título do álbum, que traduzido significa "devia ter tirado mais fotos", reflete a importância de preservar memórias e histórias pessoais e culturais. A capa ilustra essa intenção, mostrando duas cadeiras de plástico em um quintal, remetendo à simplicidade da vida cotidiana em Porto Rico.

"Devia ter tirado mais fotos de quando eu tinha você / Eu deveria ter te dado mais beijos e abraços, quantas vezes eu pudesse", diz a faixa-título, que inspirou tendências no TikTok com fotos de familiares e amigos, criando conexões emocionais universais.

Mas a música que chama mais atenção é "Lo Que Le Pasó en Hawaii", em que o cantor traça paralelos entre a situação de Porto Rico e a do Havaí, anexado pelos Estados Unidos em 1898. "Querem tirar meu rio e também minha praia / Querem minha quebrada e que a vovó vá embora", canta. A faixa denuncia a gentrificação e a perda de identidade cultural, exacerbadas por incentivos fiscais que atraíram investidores estrangeiros e deslocaram os habitantes locais.

Embora seja uma ode à sua terra natal, a letra ressoou entre imigrantes e refugiados de outras nações. Venezuelanos, cubanos e nicaraguenses, por exemplo, se identificaram com a faixa, compartilhando a música em vídeos com bandeiras e paisagens de suas terras de origem. Eles ficaram tocados pelo trecho que diz: "Aqui ninguém quis ir [embora], e os que foram sonham em voltar". A letra retrata a dor do exílio, que muitos compartilham ao deixar suas terras de origem, seja pelo medo, pela repressão ou pela falência econômica.

Participações locais e sonoridade tradicional

Todos os colaboradores do álbum, desde instrumentistas até corais, são de Porto Rico, destacando o compromisso do artista em enaltecer sua terra natal. Bad Bunny explicou que a ideia surgiu ao ouvir músicas porto-riquenhas enquanto estava longe de casa. "Comecei a me sentir perto de minha família e de Porto Rico através da música", disse ao New York Times.

O disco também resgata sons tradicionais da ilha, como a plena e a bomba, ao mesmo tempo que mantém o reggaeton como pilar de sua identidade musical.

Legado e resistência cultural

Além disso, Bad Bunny lançou um curta-metragem acompanhado do álbum, protagonizado por Jacobo Morales, um dos cineastas mais relevantes de Porto Rico, que aborda a dominação cultural americana no país e reforça a importância de preservar a identidade local.

O álbum não é apenas uma obra musical, mas um manifesto pela preservação de uma cultura ameaçada. "São 130 anos fazendo parte dos EUA e ainda somos porto-riquenhos", declarou o cantor, ressaltando o orgulho por sua terra natal. "Continuamos com nossa cultura, nossa forma de falar. Isso é resistência."

Com "Debí Tirar Más Fotos", Bad Bunny consolida sua posição não apenas como um fenômeno musical, mas como uma voz que une identidade, resistência e memória cultural.

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