Russas do Pussy Riot encaretam, mas não perdem a essência
Notórias desconhecidas até atacaram o primeiro-ministro russo, as meninas continuam a fazer barulho no cenário político-social da Rússia
Até atacar em suas letras o todo poderoso primeiro-ministro russo Vladimir Putin, as meninas do Pussy Riot, grupo de música punk de Moscou, eram notórias desconhecidas. As meninas foram presas, em 2012, ao cantar sem autorização na Catedral de Cristo Salvador de Moscou, acusadas de “vandalismo motivado por intolerância religiosa”.
Seu julgamento começou no final de julho daquele ano e mobilizou artistas do naipe de Madonna e Jay-Z. A repercussão mundial elevou as meninas à categoria de porta-vozes do feminismo e da liberdade de expressão.
Em 17 de agosto de 2012, as três integrantes do Pussy Riot, Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Ekaterina Samoutsevitch, que havia sido inicialmente interrogada como testemunha do caso, foram condenadas e receberam penas de dois anos de prisão.
Mesmo presas, elas faziam barulho: colhiam informações, que depois usavam no canal web MediaZona, onde analisam as terríveis condições das prisões russas.
Sem as máscaras características, elas também passaram a ser chamadas para conferências pelo mundo para falar sobre o agravamento da realidade social russa.
Música
Com mais visibilidade e dinheiro, as Pussy Riot passaram a se cercar de profissionais festejados e, recentemente, gravaram o pomposo clipe Chaika, em alusão ao procurador-geral da Rússia, Yury Chaika, em Los Angeles, Estados Unidos.
“Chaika está fazendo um discurso para seus filhos e seguidores sobre como matar e roubar da maneira correta, para não ser pego e prosperar materialmente”, explicou Nadezhda ao BuzzFeed News, sobre o clipe. Segundo ela, a ideia é reforçar as denúncias de corrupção contra Chaika.
“Este é um conto artístico sobre a Rússia atual – e seu alvo são os cidadãos”, disse. “Quando fizemos ‘Chaika’ eu me perguntei, será que meus companheiros presos entenderiam isso ou não? E todas as vezes eu respondia: Sim, eles entenderiam.”
O Pussy Riot começou como um coletivo punk anônimo com 12 integrantes.
“Creio que a metodologia punk é a que você sempre tem de criar algo inesperado”, comentou Nadezhda. “Se isso acontece, então quer dizer que somos todos punks. A única coisa que não pode mudar na metodologia punk é o desejo de transformar os códigos culturais/políticos/sociais. Às vezes, você precisa transformar os seus próprios códigos para não estagnar”.