Charles Aznavour critica mercado da música atual
Aos 92 anos, Charles Aznavour continua a compor e segue em atividade nos palcos, uma longevidade que contrasta com o atual negócio da música, que na opinião do cantor francês "visa o sucesso rápido e não está interessado no longo prazo".
Em entrevista à Agência Efe antes de se apresentar no Festival de Pedralbes, em Barcelona, no sábado, Aznavour negou possuir algum "segredo" para manter a larga trajetória no mundo da música e ressaltou que a carreira exige "uma mistura de trabalho duro, de não seguir modas efêmeras, de apostar sempre pela qualidade e, como artista, nunca subestimar ou perder contato com o público".
"Eu fui muito sortudo por ter renovado constantemente meu público, pois músicas que compus há 40 ou 50 anos estão sendo escutadas agora pelas jovens gerações. O amor à minha profissão me mantém ativo", comentou.
A "eterna juventude" do cantor contrasta com os tempos atuais da indústria musical, e Aznavour considera evidente "hoje em dia o negócio da música visa o sucesso rápido e as mudanças de rumo".
"Ninguém parece interessado no longo prazo. Hoje há todos esses programas de televisão para encontrar novas estrela, esses jovens são convencidos de que em poucas semanas vão viver da música, e que quando o programa termina têm que voltar a seus trabalhos de encanador ou de caixa de supermercado", lamentou o cantor, que continua a se apresentar após sete décadas nos palcos.
Segundo o francês, "isto é muito cruel e totalmente artificial, porque, para cada um ou dois que chegam, há centenas que veem seus sonhos se despedaçarem".
Charles Aznavour diz que não calcula os "recordes" da carreira, mas sabe que já escreveu mais de mil canções, vendeu mais de 100 milhões de discos, cantou em 104 países, fez milhares de shows e atuou em 80 filmes.
O artista também destaca que "Les plaisirs démodés/The old fashioned way", tem cerca de 300 versões, que "Hier encore/Yesterday when I was young" tem 250, que "She" alcançou o número 1 nas paradas de sucesso do Reino Unido e que a emissora CNN o considerou "artista do século" em 1998.
Após ter composto músicas que marcaram diversas gerações, Charles Aznavour não olha para trás e está "sempre buscando novas melodias ou temas, às vezes incomuns, ou de diferentes ângulos, ou maneiras de escrever uma nova canção", revelou o artista.
Apesar da veteranice, o cantor garante se manter informado sobre a música atual, e destacou ZAZ e Stromae como "artistas de grande potencial" no mercado francês e Lady Gaga e Beyoncé no cenário internacional.