Chorão tinha "quadro psicótico de perseguição", afirma delegado
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (6), o delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Itagiba Franco, contou detalhes do estado em que foi encontrado o corpo do cantor Chorão, na madrugada de hoje, e afirmou que o músico morreu por volta das 12h da última terça-feira (5). "Chorão tinha uma quadro psicótico de perseguição, ele cismava que esta sendo filmado o tempo todo, e quando ele deixou de atender ao telefone, já estava morto", continuou, sobre o fato do músico não ter respondido às tentativas de contato de familiares, amigos e seguranças.
"Ele estava com machucados no corpo. Encontramos um buraco na parede e o ar condicionado do apartamento quebrado, o que pode indicar socos ou chutes por parte do músico. O apartamento estava em total abandono e isso foi o que mais me chocou", explicou. Porém, o delegado acredita que o fim de seu relacionamento de 15 anos com a esposa foi o principal motivo para sua degradação emocional. "A separação teria esgotado sua capacidade de reação", afirmou.
Itagiba contou também que na manhã de terça-feira um vizinho ouviu fortes barulhos "que se assemelhavam a objetos sendo quebrados", mas que depois tudo se silenciou. "Esse vizinho será usado como fonte da investigação, mas ele ainda não foi localizado".
Vizinhos e funcionários do prédio onde Chorão foi encontrado morto devem começar a ser ouvidos a partir desda sexta-feira (8) e o delegado aguarda o resultado da perícia seguir com as investigações. O exames toxilógicos demorarão, pelo menos duas semanas, afirmou Itagiba. Imagens do circuito interno do prédio também serão analisadas.
Porém, o delegado esperá mais tempo para ouvir os familiares de Chorão. "Seria desumano da nossa parte colher o depoimentos deles agora", disse.
Dr. Itagiba também descartou a hipótese de suicídio. "Chorão estava com viagem de negócios marcada para os Estados Unidos, e este era seu mais recente momento de alegria".
Além disso, o delegado caracterizou a morte como não-violenta por os indícios não levarem a crer que mais de uma pessoa estivesse no local. Medicamentos tarja preta e outras substâncias foram encontradas no apartamento. Entre os remédios, havia o sedativo Lexotan (de tarja preta) e um cicatrizante, já que Chorão tinha os lábios machucados de tanto mordê-los durante seus surtos.
O enterro do músico será realizado nesta quinta-feira (7), às 15h. As informações são do site oficial da banda Charlie Brown Jr. O velório será na Arena Santos, em Santos, no litoral paulista, a partir das 20h de hoje.
Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr., foi encontrado morto, em casa, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O motorista do cantor o encontrou desacordado e telefonou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na madrugada desta quarta-feira.
Segundo o delegado, Chorão se hospedou em diversos hotéis de São Paulo nas últimas semanas e era sempre convidado a se retirar devido ao seus acessos de raiva. Na segunda-feira (4), o cantor pediu para seu motorista, Kleber Atalla, que trabalhava com ele há poucos meses, que recolhesse suas roupas em um hotel da Avenida Paulista e que o levasse para seu apartamento no bairro de Pinheiros. Ao chegar no local, ficou-se combinado que o motorista o buscasse para compromissos ao meio dia de terça-feira. Essa foi a última vez que Chorão foi visto vivo.
Kleber apareceu no prédio no horário combinado e não foi atendido. Ele retornou ao apartamento por volta das 20h e, ao lado do porteiro, também não foi recebido após batidas na porta. O motorista, então, comunicou o segurança Vítor Vasconcelos, que trabalhava com Chorão há cerca de oito anos, sobre o sumiço do artista. Morador de Santos, Vítor seguiu para São Paulo com a cópia da chave do apartamento e, por volta das 4h30, encontraram o corpo de Chorão entre a sala e a cozinha.
A Polícia Militar recebeu um chamado para averiguação de morte natural na residência do cantor às 5h18. O corpo foi encontrado no local e será examinado pela perícia. Inicialmente, o caso seria investigado pelo 14° DP, mas seguirá com o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). As causas da morte ainda são desconhecidas e o laudo sairá em 30 dias.