'Apeshit': A mensagem por trás dos looks de Beyoncé e Jay-Z
Os detalhes do figurino do novo clipe da cantora em parceria com seu marido, Jay-Z, ajudam a compor a mensagem do single
O mundo estava focado na Copa do Mundo, preocupado com os problemas políticos e sociais, ou então apenas assistindo a uma série no Netflix na noite de sábado, 16, quendo Beyoncé e Jay-Z, ou The Carters, como estão se chamando agora, lançaram um novo álbum, chamado Everything Is Love. A mesma estratégia de lançar um CD surpresa foi adotada pela cantora em 2013 para o Beyoncé e em 2016 com Lemonade, assim como pelo rapper em 2017 com o 4:44.
De quebra, eles também divulgaram o clipe da música Apeshit, gravado no Museu do Louvre, em Paris. O casal usa algumas das obras de arte, os dançarinos e os figurinos para completar a mensagem da música, que fala sobre empoderamento, sucesso e o mercado musical. Jay-Z, inclusive, alfineta o Superbowl e o Grammy, dizendo que não precisa deles.
O dois se colocam na frente da Monalisa, de Leonardo da Vinci, uma das mais famosas e importantes obras do mundo, se dando o mesmo nível de importância que o quadro. Após terem tornado bem pública a infidelidade do rapper e os problemas no relacionamento em músicas como Sorry, de Beyoncé, e Glory, do Jay-Z, agora tentam passar a imagem de que são um casal feliz e uma dupla parceira — e o fazem tanto na turnê On The Run II quanto no novo álbum. E a moda tem um papel importante nesta narrativa. Por isso, em todo o vídeo estão com looks coordenados. Em sua primeira aparição, se destacam os terninhos em tons pastel. O dela, um modelo de Peter Pilotto em rosa, cor que é associada à feminilidade, enquanto ele usa verde. Neste look, ambos usam calças.
Na próxima cena, aparecem de mãos dadas na ponta de uma escadaria, com alguns dançarinos deitados sobre os degraus, mostrando autoridade. É inegável o poder do casal na indústria do entretenimento, representado com o cenário da estátua Vitória de Samotrácia, também conhecida como Nice de Samotrácia, criada para comemorar a vitória de uma batalha naval. Tudo isso simboliza a sua vitória no mercado musical e, como diz a letra, "não acredito que conseguimos, é por isso que somos gratos. Você já viu a plateia enlouquecer?"
Em uma das cenas mais impactantes, Beyoncé aparece com seis dançarinas, três de cada lado. Enquanto elas usam leggins e cropped nudes, a cantora está com brincos de diamante e um conjunto da Burberry com a estampa mais clássica da marca britânica. Não à toa, ela está posicionada bem à frente da rainha Josephine no quadro A Coroação de Napoleão (Jacques-Louis David, 1804). Não há dúvidas de quem é a verdadeira rainha.
Em outros dois momentos, Beyoncé se mistura com as obras de arte. Quando aparece com um vestido em tom de mármore, bem estruturado e escultural, uma criação da estilista Alexis Mabille, como uma versão moderna da deusa Nice.
Em outra cena, ela aparece vestida de Versace da cabeça aos pés, ao lado de Jay-Z, que está com um terno preto e joias douradas, na mesma pose da musa do quadro Portrait of a Negress, da artista Marie-Guillemine Benoist, feito em 1800, uma das primeiras pinturas em que um negro não aparece sendo retratado como um escravo — e uma das poucas obras do Louvre em que é retratada uma pessoa negra. Mas, enquanto a mulher do quadro está com modestas vestes brancas, a roupa da cantora é toda adornada com motivos barrocos dourados, vestuário luxuoso que mostra a ascensão da mulher negra.