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Elis Regina, 70: como seria a Pimentinha nos dias de hoje

Uma das mulheres mais polêmicas - e, sem dúvidas, a mais amada - da cultura popular brasileira nos anos 1960/70, Elis faria 70 anos nesta terça-feira (17)

17 mar 2015 - 11h45
(atualizado às 11h58)
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O que seria da música popular brasileira sem Elis Regina? Para muito além do simples exercício de cantar, a gaúcha baixinha na altura e gigante na atitude, que faria 70 anos nesta terça-feira (17), deu uma visão diferente para a presença da mulher no meio musical, na política e na sociedade. 

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Filha de Romeu Costa e de Ercy Carvalho, desde pequena se caracterizou como uma cantora do rádio. No começo - o que durou até os primeiros anos de sucesso -, foi sempre bastante conservadora e nacionalista quando se tratava de música. Nada além de bossa nova passaria. 

Elis Regina faria 70 anos nesta terça-feira (17)
Elis Regina faria 70 anos nesta terça-feira (17)
Foto: Divulgação

Sua influência neste sentido era tanta que acabou convencendo o tropicalista e liberal Gilberto Gil a participar da marcha contra a guitarra elétrica, em 1967, organizada por ela, enquanto Caetano e Nara Leão riam de tudo de uma janela do Hotel Danúbio, na Bela Vista, em São Paulo. 

No entanto, quanto mais Elis conhecia seu meio e mais se irritava com o avanço da ditadura, menos conservadora ficava. Ao longo da carreira, gravou como Falso Brilhante (1976) e Transversal do Tempo (1978), abusando das influências jazzísticas que sempre lhe pareceram naturais, além do dueto inesquecível com Tim Maia em These Are The Songs, bem antes, em 1969, o primeiro grande número do rei do soul. Teve samba também, e dos bem tradicionais. Tiro ao Álvaro, dueto com Adoniran Barbosa, é o mais famoso. 

Mas e hoje, como seria Elis? 

Apelidada "carinhosamente" como Pimentinha por Vinicius de Moraes, Elis não digeria com facilidades o surgimento do novo. “Esse tal de iê-iê-iê é uma droga: deforma a mente da juventude”, chegou a dizer ela sobre a jovem guarda, Beatles e aquela mania toda. 

A cantora tinha opiniões fortes sobre política
A cantora tinha opiniões fortes sobre política
Foto: Divulgação

Nos dias de hoje, é comum termos parcerias entre vozes experientes, como Baby do Brasil e Caetano Veloso, com novos nomes, como Tulipa Ruiz, Criolo e Marcia Castro. Gal Costa, por exemplo, lançou Recanto em 2013, disco totalmente eletrônico e influenciado por estilos modernos. Não parece a cara de Elis. 

Ainda assim, a Pimentinha não era tão impossível. Além de gravar com Tim Maia quando este ainda estava longe de ser o que é hoje, Elis ficou marcada pela parceria com Jair Rodrigues no Fino da Bossa, extinto programa de TV. Jair era o oposto da cantora, em todos os sentidos, do gênero musical ao perfil como pessoal. 

E na política? 

Foto:

Nos anos de chumbo da ditadura militar, Elis era naturalmente de esquerda, assim como a grande maioria dos artistas da MPB na época. Ativa no meio político, a gaúcha encabeçou discussões importantes, como a Anistia dos exilados pelo regime e a briga pelos direitos dos músicas em suas obras. Em diversos temas era possível ver a baixinha de mão e voz pesadas brigando pelo que acreditava. 

Também não abaixava a cabeça para o machismo, não. Elis era daquelas que deixava a imposição masculina, tão forte na época, no chinelo. Ronaldo Bôscoli, seu primeiro marido, que o diga. Elis não era uma ativista, mas o feminismo corria em seu sangue quente, o que ficava evidente cada vez que falava sobre igualdade de direitos e liberdade em músicas ou em declarações cheias de duplo sentido para driblar a censura. 

Apesar de filiar-se ao Partido dos Trabalhadores em 1981, não é surreal acreditar que Elis estivesse contra o governo Dilma nos dias de hoje. Mas não chegaria a estar nas ruas, pelo menos não no contexto das manifestações de domingo (15). Quando se tratava de política, seu posicionamento sempre foi à esquerda. 

Elis sempre esteve engajada em assuntos políticos e sociais
Elis sempre esteve engajada em assuntos políticos e sociais
Foto: Divulgação

Independente de qualquer coisa, desde o dia de sua morte, em 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, Elis segue viva e plena na memória, coração e rádio de todos os brasileiros. Representando com intensidade os principais sentimentos de seu povo, a cantora pode não ser um doce de pessoa, e talvez seja exatamente isso que a faça ser ainda mais fascinante.

Twitteiros e músicos lembram aniversário de Elis na web 

 

11:16am | e a cachoeira de amor continua... ela merece... que orgulho... #gratidão

Uma foto publicada por Maria Rita (@mariaritaoficial) em

Fonte: Terra
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