Fãs, famosos e familiares enfrentam chuva para se despedir de Rita Lee em São Paulo
Corpo da cantora é velado no planetário, no Parque do Ibirapuera
A insistente chuva que caiu na manhã desta quarta-feira, 10, em São Paulo, não foi suficiente para impedir os fãs de Rita Lee de se despedirem da cantora, que morreu na noite de segunda-feira, 8, vítima de câncer de pulmão.
Os primeiros fãs, com muitos cartazes e capa de chuva, chegaram ao local por volta das 5h. A entrada ao público começou pontualmente às 10h. O velório aberto ao público acontece no planetário, no Parque do Ibirapuera, até às 17h. Na sequência, o corpo --que está sendo velado com caixão fechado-- será cremado em uma cerimônia restrita para amigos e familiares.
Durante o período de espera na fila de cerca de 1 km, fãs das mais variadas idades cantam alguns dos sucessos de Rita Lee. A trilha sonora vai de Lança Perfume a Ovelha Negra e Agora Só Falta Você. E apesar da lotação, o tempo médio de espera para a entrada no planetário é de 10 a 15 minutos.
Já dentro do planetário, familiares, incluindos os filhos João Lee e Beto Lee, o marido Roberto Carvalho e irmã Virgínia Lee, acompanhavam a passagem dos fãs em silêncio e muito emocionados. Uma música clássica dava o som ambiente para a despedida da rainha do rock nacional.
Muitos famosos também marcaram presença na despedida da cantora, entre eles os apresentadores Pedro Bial, Daniella Cicarelli, Serginho Groisman, Astrid Fontenelle, Otávio Mesquita, Ronnie Von e Xuxa, as cantoras Negra Li e Paula Lima, a guitarrista Lucinha Turnbull, a ex-chacrete Rita Cadillac e o deputado estadual Eduardo Suplicy. A cantora Wanessa Camargo também foi ao velório acompanhada do namorado, o ator Dado Dolabella.
Como homenagem à artista, o planetário projetou o céu do dia do nascimento da cantora. Rita Lee nasceu em 31 de dezembro de 1947, mas trocou a data de aniversário para maio para que pudesse ter um dia só para ela.
Segundo a família, a escolha do lugar é propícia já que a rainha do rock amava astronomia e frequentava o lugar desde criança. Em seu primeiro livro, Uma Autobiografia, a cantora contou sobre a relação afetiva com o parque. Na obra, ela cita o ponto turístico como “floresta encantada, ótima para encontrar amigos e fazer piqueniques."
Adeus dos fãs e dos amigos
No local, fãs que foram dar o último adeus destacaram o legado da cantora. Lucas, de 21 anos, carregava com ele um LP de Rita Lee e afirmou ser um grande fã da artista desde criança e que tem todos os discos dela. "Com o passar dos anos foi aumentando cada vez mais a paixão. Eu lutei muito para tentar conhecer ela, infelizmente não consegui, mas coleciono tudo que é dela e ela é a coisa mais importante da minha vida atualmente", disse ele.
O fã também relatou que as músicas da artista sempre o tocaram muito e que tinha o sonho de ter um disco autografado pela cantora. "Eu admito que tinha um sonho de vê-la no palco, mas eu nunca cheguei a pensar que isso fosse acontecer, era um sonho. E sempre tive o sonho de trazer esse disco para Rita assinar para mim. Está sendo muito difícil a despedida, mas agora fica o conteúdo que está aqui dentro [músicas do disco], que é o que faz parte da minha vida e vai sempre fazer".
Quem também contou ser fã de Rita desde que ainda era criança foi Priscila, de 32 anos. "[Saber da partida dela] foi muito triste. A gente estava esperando esse livro dela novo, que ela pudesse fazer autógrafos de novo", lamentou a fã. "Ela representava liberdade, música, essência e vida! Sem ela o mundo fica mais cinza", acrescentou.
Fãs fazem fila para se despedir de Rita Lee. Cantora morreu aos 75 anos na noite de segunda-feira, 8. Velório acontece no planetário, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
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— Terra (@Terra) May 10, 2023
Um amigo de infância de Rita, Antônio Peticov, de 77 anos, também foi se despedir de cantora. Os dois se conheceram nos anos 60 e, segundo ele, a artista sempre acreditou no sonho de fazer sucesso com a música.
"Sempre teve brilho e talento. A primeira vez que ela se apresentou em público, foi um show que eu organizei. Acompanhei sempre as mudanças da vida dela, a evolução. Fiquei muito feliz quando ela saiu de uma banda para dar voz as poesias dela. Foi uma grande rainha. As estrelas morrem, as galáxias não. Vida longa à Rita Lee", disse Antônio.
Luta contra o câncer
A cantora, compositora, escritora e ativista lutava contra um câncer de pulmão diagnosticado em 2021. Em fevereiro, ela chegou a dar entrada no hospital por causa da doença, mas a família tranquilizou os fãs e disse que o tratamento era previsto.
No ano passado, a família de Rita Lee Jones de Carvalho comemorou a remissão do câncer de pulmão da cantora. "A cura da minha mãe me emocionou pra car.... Melhor notícia de todos os tempos. Manteve a cabeça erguida, com vontade de lutar e encarou tudo com seu bom humor habitual, tanto que apelidou o tumor de 'Jair'. That's Rita", escreveu o filho Beto Lee.
Porém, a doença voltou no começo deste ano e obrigou Rita Lee a retomar o tratamento.
