Foo Fighters, volte sempre! Veja o melhor do show em SP
Primeiro show solo da banda na capital paulista tem tombo, casamento, covers e 20 anos bem resumidos em quase três horas
Se alguma das 55 mil pessoas que foram ao Morumbi, em São Paulo, na noite desta sexta-feira (23) tinha dúvidas de que Dave Grohl é o cara mais legal do rock, como dizem por aí, a prova veio com barulho de guitarra, voz, bateria e bom humor, além de hits - muitos hits para resumir oito álbuns e 20 anos de estrada do Foo Fighters em quase 3 horas de show na primeira turnê brasileira da banda fora de festivais. Nas últimas duas vezes, em 2001 e 2012, o grupo se apresentou no Rock in Rio e Lollapalooza, quando prometeu que não demoraria mais tanto tempo para voltar ao País. E cumpriu.
Ao lado de Dave, os guitarristas Chris Shiflett e Pat Smear, o baixista Nate Mendel e o baterista Taylor Hawkins desembarcaram na capital paulista, depois de uma apresentação em Porto Alegre, para divulgar o oitavo disco da banda, Sonic Highways , lançado em novembro e gravado em oito cidades dos Estados Unidos, com inspirações locais. Após Raimundos e os ingleses do Kaiser Chiefs, que tocaram quase todo o tempo sob chuva forte, eles subiram no palco às 21h18, com 18 minutos de atraso em relação ao horário marcado, com céu aberto para cantar e ouvir todas as vozes do estádio ecoarem as 23 músicas escolhidas do início ao fim do show, que começou com Something from Nothing , a primeira faixa do novo álbum.
Todos os discos foram lembrados e recebidos com a mesma euforia pelo público. Quem não poderia faltar, estava lá, como The Pretender , Learn to Fly , Breakout , My Hero , Walk , Monkey Wrench , Times Like These , All My Life , Best of You e Everlong , as duas últimas encerraram o show junto com uma garoa fina. Mas a menos conhecida I’ll Stick Around , de 1995, e a novata Outside , do último álbum, também foram cantadas em coro como se fossem hits.
Além da barulheira, a apresentação deu espaço para um momento acústico, em que Dave puxou músicas como Skin and Bones e Times Like These , e emendou um momento “banda de garagem”, com covers do Kiss, Black Sabbath e Queen.
Nas últimas semanas, quase que se tornou um hype criticar o Foo Fighters por ser uma banda de arenas que não representa o "espírito rock". O fundamento das redes sociais se cala quando o grupo fala mais alto com seus acordes e sucessos que estiveram na ponta da língua de um Morumbi lotado. Há quem dissesse que a banda nunca fez uma "grande obra prima" em um álbum, mas a verdade é que compilação destas grandes músicas resultam sempre em um grande show. E é por isso que listamos os cinco momentos que mostram por que ver o Foo Fighters ao vivo vale muito a pena.
Dave Grohl na bateria
Um ano após a morte de Kurt Cobain, Dave gravou as duas primeiras faixas do Foo Fighters e deixou de ser coadjuvante, na bateria do Nirvana, para virar o líder na guitarra e vocais. É claro que muita gente duvidou e questionou a decisão, mas, por sorte de quem acompanha a banda nas últimas duas décadas, ele não desistiu da ideia. Mesmo assim, não há como negar que de vez em quando dá saudade de vê-lo assumindo as baquetas, nem que seja só por uma música. E é por isso que o cover de Tie Your Mother Down, do Queen, quando Dave troca o microfone pela bateria, foi um dos momentos mais marcantes e nostálgicos do show.
Morumbi iluminado
Durante um improviso de Monkey Wrench, foi a vez do público surpreender o Foo Fighters com um Morumbi completamente iluminado por luzes de celulares e lanternas, o que fez 55 mil pessoas olharem na direção contrária do palco por pelo menos uns cinco minutos da apresentação. Boquiaberto, Dave agradeceu do jeito mais direto possível: “isso está lindo pra caralho”.
Foo Fighters de perto mesmo para quem não é pista VIP
Quem passou horas na fila para conseguir espaço na grade, mas não pagou pela pista VIP, teve que se contentar em ver o Foo Fighters à distância. Bom, pelo menos foi isso o que aconteceu até metade do show, quando o vocalista saiu do palco e caminhou até a ponta da passarela, quase no meio do estádio, para tocar Skin and Bones . “Acendam as luzes. Deixa eu ver as pessoas que estão aqui. Oi, meu nome é Dave. Prazer em conhecê-los. Quero cantar essa perto de vocês”, disse ao enrolar uma bandeira do Brasil no pescoço. “Vocês têm uma linda bandeira, vocês tem uma linda camisa de futebol e, claro, lindas mulheres”, elogiou.
O pedido de casamento
Nem só de rock se fez o show do quinteto em São Paulo. Antes de puxar os primeiros versos de Wheels , Dave pediu para um casal de fãs subir no palco. “Vamos fazer algo que nunca fizemos”, anunciou o vocalista. Até que Vinícius se ajoelhou e pediu Mônica em casamento no meio de um estádio lotado, o que arrancou aplausos da banda e do público, e fez com que as meninas na pista cutucassem os namorados pedindo alguma prova de amor parecida. Mais uma vez, Dave não deixou o momento passar sem um bom comentário. “Lembrem-se: se vocês quiserem pedir sua namorada em casamento, venham ao show do Foo Fighters”, brincou.
Covers no esquema banda de garagem
Enquanto todo mundo se concentrava na parte acústica do show, com Dave quase no meio do estádio, a banda foi montada em um palco giratório no meio da passarela sem que o público percebesse. Quase no clima de improviso, mas muito bem ensaiado e planejado, o quinteto deixou de ser o ídolo da noite para ter alguns minutos de fã - e não por falta de músicas, mas por pura diversão, por que não? Como se estivesse em um ensaio, o Foo Fighters abriu um espaço no seu repertório selecionado para uma sequência de covers. Detroit Rock City (Kiss), Stay With Me (The Faces), Tie Your Mother Down (Queen), Under Pressure (Queen) e uma palhinha de Tom Sawyer (Rush) e War Pigs (Black Sabbath) foram as escolhidas. “É nessa hora que a gente se diverte”, disse Dave.
Por favor, parem de cantar Best of You
Não é segredo para ninguém que esse é um dos hits mais esperadas do show, tanto que é a penúltima do setlist, mas os paulistanos se empolgaram em um coro incansável de “ôÔô” mesmo quando o Foo Fighters já se preparava para a saideira Everlong . Dave respondeu com caretas e emendou em tom de brincadeira: “Chega. Parem de cantar Best of You. Essa música já passou”.
Rindo de um tombo na despedida
Dave escorregou e caiu na primeira música do show, mas levantou em segundos, continuou tocando e não falou nada sobre isso até o encerramento, quando decidiu agradecer e, assim como a gente, lembrar os momentos marcantes das últimas três horas: “Obrigada por terem vindo e esperado na chuva por um show de rock. Tem shows que eu lembro pra sempre, tem shows que eu esqueço. A primeira música aqui eu escorreguei e caí de bunda, isso eu vou lembrar. Estádio lindo. Tocar violão ali na frente....isso eu não vou esquecer. Isso não acontece sempre. Vocês cantarem até o fim com a gente, isso não acontece todas as vezes. Esse é um grande show do Foo Fighters. Eu gosto de vocês. Vocês são muito legais”. Não, Dave. Você que é, definitivamente, o cara mais legal do rock. Volte sempre.
Setlist
1. Something From Nothing
2. The Pretender
3. Learn to Fly
4. Breakout
5. Arlandria
6. My Hero
7. Congregation
8. Walk
9. Cold Day in the Sun + Tom Sawyer (Rush)
10. I'll Stick Around
11. Monkey Wrench
12. Skin and Bones
13. Wheels
14. Times Like These
15. Detroit Rock City (Kiss)
16. Stay With Me (The Faces)
17. Tie Your Mother Down (Queen)
18. Under Pressure (Queen)
19. All My Life
20. These Days
21. Outside
22. Best of You
23. Everlong