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Grammy teve festa de boas intenções para o planeta e vendas

1 fev 2010 - 19h51
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A 52ª edição anual do Grammy teve boas intenções no cerne da apresentação, com um tributo a Michael Jackson que também foi um protesto: Earth Song. Foi outro agradecimento da indústria musical, que continua a ter o que agradecer a Jackson, agora por ser o ato mais vendido em 2009. O sóbrio filho do cantor, que aceitou o último Grammy de seu pai, disse que sua "mensagem era simples: amor. Continuaremos a disseminar essa mensagem e a ajudar o mundo." A seguir, sua filha Paris acrescentou: "O papai deveria estar aqui. Meu pai ia se apresentar este ano."

Ao invés disso, o Grammy passou o vídeo 3D que acompanharia a turnê This Is It de Jackson, com apresentações ao vivo de Usher, Celine Dion, Smokey Robinson, Jennifer Hudson e Carrie Underwood. Em uma música que enxerga desastre em todo lugar, nenhum deles se comparou à angústia dos vocais de Jackson, mas chegaram surpreendentemente próximos. (Aqueles sem óculos 3D viram borrões vermelhos e verdes ao redor da floresta tropical paradisíaca de Jackson, completa com inocência infantil, mas puderam conferir os igualmente salientes cantores ao vivo.)

Logo depois, veio a resposta a uma catástrofe recente: o terremoto no Haiti. Num dueto que apenas o Grammy tentaria, Andrea Bocelli e Mary J. Blige cantaram Bridge Over Trouble Water, com o crescendo estratégico de Bocelli cedendo lugar às improvisações robustas de inspiração gospel de Blige. (É possível baixá-lo como um single beneficente.) Wyclef Jean, o militante mais visível do pop em favor do socorro ao Haiti, disse no evento: "O povo haitiano é forte", mas também acrescentou, "a indústria musical ainda está viva mesmo não havendo mais gravadoras".

As boas apresentações foram um interlúdio em um programa dedicado, como disse Stephen Colbert em seu monólogo, "ao direito das celebridades de se parabenizarem".

O Grammy encontrou o equilíbrio certo entre apresentação e premiação ¿ ou seja, os prêmios foram estritamente um espetáculo secundário. Uma indústria fonográfica desesperada por vendas quer expor o máximo de itens possível, e a maioria dos artistas era apresentada junto de suas músicas de trabalho, no caso de alguém querer baixá-las imediatamente. Os medleys foram a regra, comprimindo mais músicas por minuto, e, como de costume, o Grammy trouxe duetos que atravessam gerações.

O Grammy teve sorte este ano. O show transmitido de um estádio, o Staples Center, em Los Angeles, teve grandes indicados que circularam por estádios no ano passado ¿ Beyoncé, Taylor Swift, Pink, Green Day ¿ e alguém que em si já é um espetáculo na área VIP, Lady Gaga.

Vestida como um coração azul e verde, Lady Gaga enfrentou, piano a piano, óculos de lantejoula a óculos de lantejoula, Elton John. O Speechless dela lembra as batidas de piano dele e se mesclou facilmente com Your Song. Beyoncé, vestindo uma maravilha preta da engenharia, fundiu If I Were a Boy, sua música sobre infidelidade, com You Oughta Know, de Alanis Morissette, alternando com astúcia extremos de fôlego e estridência. Pink cantou Speechless suspensa em um trapézio de tecido e embebida de água. Swift, dividindo o palco com Stevie Nicks cantando Rihannon, não foi tão bem; seu canto ficou dolorosamente fora do tom.

Pelo menos ela não recorreu ao processamento de áudio como tantos dos atos de R&B e hip hop do show. Esse foi o Grammy do Auto-Tune; entre os usuários estavam Black Eyed Peas, Jamie Foxx e Lil Wayne, cuja colaboração com Drake e Eminem ficou repleta de silêncios, talvez uma tentativa de lidar com as palavras de quatro letras. Mas também houve o bom e velho soul de Maxwell, dividindo seu Pretty Wing com Roberta Flack e em harmonia com ela em Where Is the Love. Faltou no Grammy uma gafe de premiação de Kanye West, que estava ausente, mesmo tendo ganhando um prêmio de hip hop.

Algo que Swift aperfeiçoou em um ano de turnês constantes e coleções de prêmios foi a reação boquiaberta de surpresa inacreditável ao anunciarem seu nome como ganhadora, pronunciando a seguir um discurso de sonho de menina que se tornou realidade. Ela pôde usá-la duas vezes no programa, inclusive no prêmio máximo, álbum do ano. Quando seu single perdeu para o Single Ladies (Put a Ring on It), de Beyoncé, na música do ano, ela se levantou e dançou no ritmo.

Taylor Swift abocanhou a categoria mais importante da noite do 52o. Grammy: Melhor Álbum do Ano
Taylor Swift abocanhou a categoria mais importante da noite do 52o. Grammy: Melhor Álbum do Ano
Foto: Kevin Winter / Getty Images
The New York Times
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