Guitarrista do Angra assina laudo técnico sobre suposto plágio de Adele
Rafael Bittencourt é responsável por análise técnica que aponta semelhanças entre "Million Years Ago" e "Mulheres", de Toninho Geraes
Laudo reforça alegações de plágio
Rafael Bittencourt, guitarrista da banda Angra, elaborou um laudo técnico para sustentar a acusação de que a canção "Million Years Ago", de Adele, é plágio do samba "Mulheres", de Toninho Geraes, popularizado na voz de Martinho da Vila. Encomendado pela advogada de Geraes, Deborah Sztajnberg, o documento detalha as semelhanças melódicas, rítmicas e harmônicas entre as músicas.
"Existem muitas coincidências para que tudo não passe de pura coincidência", afirmou Bittencourt em entrevista para O Globo, ao explicar que as camadas musicais de ambas as obras podem ser executadas juntas sem prejuízo à harmonia. Ele usou uma analogia visual para descrever a semelhança: "Qual a chance de duas pessoas, no mundo todo, desenharem praticamente o mesmo trem com texturas e cores diferentes?"
Decisão judicial e defesa de Adele
Em decisão liminar, o juiz Victor Torres determinou a suspensão da execução de "Million Years Ago" em meios físicos e digitais. Segundo o magistrado, a sobreposição das gravações das canções revelou "quase integral consonância melódica".
A defesa de Adele e de sua editora no Brasil, a Universal Music Publishing, argumentou que as semelhanças decorrem do uso de uma progressão harmônica comum, amplamente conhecida desde o período barroco. Bittencourt rebateu, classificando o argumento como uma "tentativa desesperada" de justificar uma coincidência quase exata.
Impacto no caso e possíveis consequências
Deborah Sztajnberg, responsável pelo caso, elogiou o laudo pela sua abordagem didática e destacou que o documento pode ter um "impacto brutal" no andamento do processo. A advogada explicou que a ação exige que "Million Years Ago" seja retirada de todas as plataformas, além de proibir Adele de interpretá-la ao vivo. Também é reivindicada uma indenização mínima de R$ 1 milhão e a redistribuição proporcional dos direitos autorais arrecadados desde 2015.
Sztajnberg destacou ainda que a escolha de Bittencourt foi baseada em critérios como reconhecimento internacional e formação técnica sólida, além de seu distanciamento do samba para evitar acusações de parcialidade. Segundo ela, o músico trouxe credibilidade adicional ao caso, contribuindo para demonstrar como músicos podem, inconscientemente, reproduzir ideias já existentes.
Disputa atrai atenção internacional
A advogada participa nesta semana de um congresso sobre direitos autorais em Dubai, onde detalhará o processo envolvendo Adele e Toninho Geraes. Ela planeja abordar o impacto da liminar que proibiu "Million Years Ago" e que, segundo ela, continua sendo descumprida. A expectativa é que o caso reforce debates globais sobre plágio e direitos autorais na indústria musical.