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Há 50 anos: Woodstock inglês marcou início dos anos 70

Isle of Wight Festival reuniu cerca de 700 mil pessoas em 5 dias de muita música em 1970

18 ago 2020 - 09h00
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Imagine um festival de música com o seguinte line up: Jimi Hendrix, The Who, The Doors, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Miles Davis, Supertramp, Jethro Tull e muito mais. Tudo isso com um público de centenas de milhares de pessoas em uma pequena ilha ao sul da Inglaterra.

A terceira edição do Isle of Wight festival foi a mais célebre de todas. Ainda sob a efervescência do ideário hippie de paz, amor e liberdade, o festival consagrou na Europa o que os Estados Unidos haviam experienciado um ano antes com o festival de Woodstock. Apesar de não ter adquirido tanta fama internacional quanto seu equivalente estadunidense, o festival foi marcante por vários motivos.

Cartaz original do Isle of Wight Festival anuncia atos de sucesso como The Doors e Jimi Hendrix.
Cartaz original do Isle of Wight Festival anuncia atos de sucesso como The Doors e Jimi Hendrix.
Foto: Reprodução

A começar pelo line-up. O Isle Of Wight marcou a estreia para o grande público de um dos grupos mais célebres do rock progressivo da década de 70, o Emerson, Lake & Palmer, que fazia então seu segundo show. Também consagrou a banda Jethro Tull que, partindo do underground londrino com seu Hard-Blues, entregou uma performance ao vivo enérgica que trouxe fama nacional ao grupo. Três semanas antes de sua morte, Jimi Hendrix fez uma apresentação lendária no festival. Foi uma de suas últimas performances ao vivo antes de sua morte três semanas depois. Foi também um dos últimos shows da banda The Doors, cujo vocalista Jim Morrison seria encontrado morto em Paris no ano seguinte. 

Jimi Hendrix morreria apenas 3 semanas depois de sua apresentação no Isle of Wight Festival em 1970.
Jimi Hendrix morreria apenas 3 semanas depois de sua apresentação no Isle of Wight Festival em 1970.
Foto: Instagram/Jimi Hendrix

Caetano Veloso e Gilberto Gil também estiveram por lá, quando exilados devido à ditadura militar brasileira. Foram apresentados pelo mestre de cerimônias do festival como exilados políticos. Ele explica aos centenas de milhares presentes que a dupla estava impedida de praticar sua arte em seu país de origem, pois eram vítimas de perseguição política. 

O festival foi tão bem-sucedido que na época foi considerado o maior evento musical já realizado, com um público estimado pelo Guinness Book of World Records entre 600 e 700 mil pessoas. Isso levou a modificações que deram origem ao "Isle of Wight County Council Act 1971", que praticamente inviabilizou que grandes aglomerações acontecessem novamente na ilha. Após um longo hiato, o festival foi revivido a partir de 2002 e acontece anualmente desde então. A edição de 2020 foi cancelada devido à pandemia do novo coronavírus.

50 anos depois, o festival ainda deixa sua marca. Andrew Kerr, co-fundador do Glastonbury, hoje o maior festival de música do Reino Unido, estava no Isle of Wight em 1970 e diz ter tirado de lá a inspiração para fundar seu próprio festival de música. A edição de 1970 marca também o início do fim do ideário hippie da década de 60. As mortes de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison, praticamente consecutivas, representavam a queda de ídolos da juventude Baby Boomer.

Se os anos 60 foram marcados pela contestação, pelo sentimento anti-guerras e o amor livre, a entrada turbulenta na década de 70 traz uma forte crise econômica com a crise do petróleo de 1973, a escalada da guerra contra as drogas pelo presidente norte-americano Richard Nixon, o fim da guerra do Vietnã e a mercantilização cada vez mais forte da música que aos poucos eliminava o concerto de grandes festivais gratuitos a céu aberto e dava lugar aos lucrativos “shows de arena” que dominariam as décadas seguintes. 

Reveja algumas performances memoráveis do “Isle of Wight Festival” abaixo.

Caetano Veloso e Gilberto Gil se apresentam no festival em 1970

The Doors fazem uma performance enérgica do clássico "When The Music Is Over". Foi o último show do grupo fora dos Estados Unidos.

Jimi Hendrix realiza uma de suas últimas apresentações ao vivo

Fonte: Redação Terra
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