'Janjapalooza' enche Centro do Rio e recebe elogios de ambulantes
Camelôs celebram evento, mas destacam também as falhas de comunicação com a organização
Um show gratuito de Zeca Pagodinho em pleno Centro do Rio de Janeiro parece uma boa pedida para uma sexta-feira de feriado. Os ambulantes que trabalham no Festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, o 'Janjapalooza', garantem que é.
No segundo dia do evento, que faz parte da extensa programação do G20 na capital fluminense, camelôs celebram o faturamento extra, graças ao sucesso de público que lotou o Centro do Rio, mas destacam também as falhas de comunicação com a organização.
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Otimismo com as vendas
Às 17h30, a primeira atração já tinha entrado no palco, localizado na Praça Mauá. Enquanto o público ainda chegava, tímido, ao evento, uma mulher atendia uma fila de clientes. Era Letícia Rodrigues, de 26 anos. A profissão da carioca é trancista, mas às vezes ela atua como camelô.
Segundo ela, o fluxo foi bom na noite de estreia do evento organizado pela primeira-dama, Janja. No entanto, a ambulante aposta que o segundo dia vai encher por conta de uma atração em especial: Zeca Pagodinho.
Perguntada se vai parar de atender os clientes para aproveitar o show de Zeca, Letícia respondeu dançando e sorrindo: “Vou ficar trabalhando e curtindo!”.Sobre o dia de “estreia” do evento, ela opinou: “Ontem foi mais vazio, mas foi bom. Mas hoje está bem mais cheio e eu quero vender tudo. Até agora [por volta das 18h] está vendendo muito bem, graças a Deus”.
A opinião é diferente da de Wanderlei da Silva, de 60 anos. Segundo o ambulante, na quinta-feira “não dava nem para andar”. Até as 18h, ainda não estava tão cheio quanto Wanderlei esperava, mas ele foi otimista: “a tendência é encher mais, principalmente com Zeca”.
Quem também está otimista é Manuela Abílio Alves, de 30 anos. “Esse tipo de evento ajuda os ambulantes. É sempre bom ter para ajudar a gente nas vendas. Sobrevivemos disso”, opina. Para ela, o primeiro dia foi ainda melhor que o segundo, mesmo com a programação tendo iniciado há pouco.
“Acredito que todos os dias devem encher, mas ontem deu uma boa enchida. Teve Seu Jorge, né? Mas o ruim é que ele entrou, cantou duas músicas e foi embora”, criticou. “Mas acredito que esteja bom, sim, para a gente poder fazer dinheiro, até porque eles deram oportunidade para a gente estar trabalhando aqui dentro”, completa.
Por volta das 18h40, as projeções mais otimistas se concretizaram, ao menos no que diz respeito ao público: o Centro do Rio estava lotado com fãs que aguardavam a performance de Zeca Pagodinho.
Falhas no credenciamento
Letícia Rodrigues contou ao Terra que, mesmo trabalhando na área, precisou fazer um credenciamento especial para o G20. “A minha patroa que pegou a pulseira para mim, para eu poder trabalhar”, explica. Mesmo com a burocracia, a ambulante não gostou da organização na quinta-feira, 14, o primeiro dia do Festival.
“Ontem tava vindo um monte de camelô sem credencial para trabalhar, atrapalhando a venda dos credenciados. Hoje está organizadinho, muito melhor”, celebra. Na noite de quinta, os grandes nomes foram Daniela Mercury e Seu Jorge.
Manuela Abílio também conseguiu a credencial no mesmo esquema que Letícia, e chamou a oportunidade de privilégio. “A prefeitura disponibilizou [o acesso] para alguns ambulantes que já trabalham na rua como camelô. Eles selecionaram algumas pessoas que estão trabalhando aqui e eu fui privilegiada para trabalhar no evento”, comemora.
No entanto, ela também criticou a organização no primeiro dia: “Ontem foi um pouquinho mais desorganizado, hoje eles já estão mais rígidos. A gente trabalhando com isso aqui, tendo que andar isso tudo para poder repor mercadoria, fica um trabalho cansativo. E tem ambulantes que entraram ontem vendendo, queimando o preço num valor que a gente não estava apropriado para vender aqui dentro e isso acabou atrapalhando a venda da gente”, critica.
Já Wanderlei da Silva confessou que não conseguiu fazer o credenciamento, mas foi trabalhar. “Eu fiz a inscrição, mas não consegui receber [a credencial]. Aconteceu, mas não fiquei sem trabalhar”, diz.