Legião sobre João Rock: “Será noite de adrenalina e catarse”
A banda dividirá o palco em homenagem à cena musical de Brasília com Capital Inicial, Plebe Rude, Raimundos, entre outros
Mais uma vez, os sucessos atemporais da Legião Urbana serão celebrados no Festival João Rock, que acontece neste sábado, 15 de junho, com transmissão ao vivo pelo Terra a partir das 15h. Na edição de 2019, a banda dividirá o palco em homenagem à cena musical de Brasília com Capital Inicial, Plebe Rude, Raimundos, entre outros. Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria), em entrevista por e-mail, contam suas expectativas para o festival.
Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria) vêm fazendo uma série de shows pelo Brasil na turnê que comemora os 30 anos de lançamento dos dois álbuns mais icônicos da banda brasiliense: "Dois" e "Que País é Este?", lançados, respectivamente, em 1986 e 1987. A dupla promete muitos sucessos e, em entrevista por e-mail, conta suas expectativas para o festival.
Terra: Vocês tocaram no João Rock em 2016, na comemoração de 30 anos da Legião Urbana. Como é poder voltar ao festival três anos depois?
Dado Villa-Lobos: A ideia do festival já diz tudo, comunhão, consagração do rock nacional e neste ano voltando no palco Brasília para reencontrar nossos parceiros, camaradas do cerrado, uma noite que promete adrenalina e catarse em último grau.
Marcelo Bonfá: É sinal de que fizemos uma boa apresentação na ocasião! (risos)
Terra: Quais são as expectativas para esta edição do João Rock? O que o público pode esperar do show de vocês no festival?
Dado: Vamos compactar grandes sucessos do disco "Dois" e "Que país é este" celebrando esses trinta anos de história e glória junto a esse grande público do João Rock e tome adrenalina e catarse em profusão.
Bonfá: Estamos em tour pelo Brasil comemorando 30 anos dos discos "Dois" e "Que país é este". Mas para o festival vamos fazer um apanhado geral dos sucessos de todos os discos. Ainda não temos o repertório fechado.
Terra: A Legião Urbana tem músicas atemporais, como “Que País é Este”, que é sempre bastante citada em situações de crise política no Brasil. Como vocês enxergam a atual situação política, econômica e social do nosso país?
Dado: Estamos atônitos, confusos vivendo o pesadelo desse abismo que nunca chega, ainda representados por essa música que completa neste ano 41 anos, parabéns a todos nós!! Parabéns, Brasil!
Bonfá: A administração pública brasileira no geral é uma coisa medonha, uma tristeza, uma sacanagem, sempre foi. Mas tem um ditado que diz "O otimismo não melhora nada, mas o pessimismo com certeza piora tudo", algo assim. Estamos naquele momento que conhecemos bem, dando passos para trás, o que é muito perigoso hoje em dia. Temos esperança de que em breve daremos alguns passos para frente. “Que país é este” rege essa alternância de governos corruptos e inescrupulosos entre a esquerda e a direita, que aliás é tudo a mesma m....
Terra: Como é poder continuar mantendo vivo o legado de Renato Russo e da Legião Urbana após tantos anos?
Dado: É um privilégio absoluto reviver esse encontro com o grande público, é magia, mitologia e intuição, incrível a vida passar por isso.
Bonfá: São músicas de verdade, fortes, ricas e belas, feitas por corações e mentes para corações e mentes iguais à nós. Me sinto enobrecido por passar o bastão para novas gerações,que é o que tem acontecido. Emocionante!
Terra: Em entrevista ao Terra, Philippe Seabra, da Plebe Rude, ao comentar que falta rebeldia no rock dos dias atuais, disse que “nem toda geração tem um Renato Russo”. Vocês concordam com essa afirmação?
Dado: Percebo que o estereótipo do rock é e sempre foi lamentável, eu acredito em manifestação pela música e artes em geral, não tenho problemas com isso… o que há é o declínio da música popular, o que toca no rádio, na tv, não fala mais para mim, diferente de décadas atrás, com certeza estou velho... Mas tenho certeza que os malucos estão em casa com seus novos instrumentos aprontando algo que vai sacudir as ondas das fibras ópticas... Precisamos de filtros digitais e muita educação. Renato Russo é como da Vinci, só tem um.
Bonfá: Acho que a rebeldia não cabe mais como antigamente nem no rock. Existem muitas causas e acho que a juventude está atuante pontualmente. Como já dizia Renato ”o mundo anda tão complicado...”
Terra: Quais as bandas do cenário atual que vocês acham que sofreram maior influência da Legião?
Dado: Jonnata Doll e os Garotos Solventes com certeza.
Bonfá: Não sei, pois não acompanho bandas que se parecem com a Legião, eu bloqueio naturalmente pois tenho o ouvido seletivo. Prefiro quando ouço coisas mais originais. Mas assim como a Legião que teve inúmeras referências, vejo hoje uma releitura em tudo na música.
Terra: Vocês têm planos futuros para a Legião Urbana?
Dado: Em existindo Brasil, Planeta Terra, pensamos em encerrar o projeto 30 anos dos nossos discos com o Quatro estações, Alea jacta est.
Bonfá: Sim, continuar nos divertindo e levando adiante nos palcos as músicas e as poesias que criamos quando o Renato estava entre nós.