Rincon Sapiência: acidez nas palavras, música e diversão
O rapper conversou com o Terra sobre sua apresentação no João Rock, fazer música de protesto e a situação dos artistas independentes
Danilo Albert Ambrosio, mais conhecido como Rincon Sapiência, é um dos grandes nomes do rap nacional. Seu disco solo de 2017, “Galanga Livre”, foi eleito o melhor do ano pela revista Rolling Stone Brasil. E neste ano o rapper se apresenta pela primeira vez no festival João Rock, em Ribeirão Preto no dia 15 de Junho.
Juntamente com Djonga, BK, Big Up, Maneva e Filipe Ret, compõe o palco Fortalecendo a Cena, voltado para atrações independentes. Sobre a iniciativa, o rapper diz achar essencial haver um palco voltado para artistas alternativos no festival: “É um setor que produz muito, e produz com qualidade acima de tudo. Então, acho que é uma questão de ser justo com o que está acontecendo na música.”
Terra: Quais suas expectativas em tocar ao lado de novos nomes do rap, como BK e Djonga?
Rincon Sapiência: Uma das coisas mais legais dos festivais é você dividir o palco com outras bandas, e naturalmente no ambiente de trabalho sempre acaba tendo um tempinho, lógico que na correria, pra você encontrar um outro artista, colocar as ideias em dia, conhecer pessoas, outros músicos… É sempre bom trocar com outros artistas, e neste caso do João Rock acaba ficando mais especial porque acabo trocando com outros artistas, e artistas de rap. Somos “chegados”, somos colegas de trabalho, e nem sempre conseguimos nos encontrar.
Terra: Você acha que o rap assumiu o lugar que era do rock, de fazer músicas de protesto?
Rincon Sapiência: Eu acho que essa questão da música de protesto, falando nos dias de hoje, tem muito a ver com as mudanças que aconteceram. Porque se você pensar uma cantora trans, por exemplo, mesmo que não esteja cantando algo sobre protestar, só a presença dela dentro da sociedade e do mercado de música que a gente vive já é um protesto.
Usei esse exemplo pra mostrar que existem várias formas de protestar, então eu vejo na subversão do funk, do lance deles serem despojados e criarem tendência, eu vejo protesto nisso. Vejo protesto no brega funk, no rap, no rock também. Eu diria que o rap tem esse caráter de protesto, mas não assume o lugar de ninguém, é mais a posição dele como gênero musical e isso varia de acordo com o artista também.
Terra: O que o público pode esperar de sua apresentação no João Rock?
Rincon Sapiência: Eu acho que as pessoas podem contar que irão se divertir muito, curtindo com a gente no João Rock. E quanto mais o tempo passa, mais o tamanho da obra vai aumentando, então eu tenho um EP de 2014, o “Galanga Livre” de 2017, temos alguns singles em que já fiz, participações... Então meu trabalho acaba envolvendo um repertório grande. Acredito que a gente tá dividindo toda essa obra e toda essa história de uma forma muito dinâmica nesse show, e muito divertida acima de tudo. Celebração e luta é a filosofia que eu acredito no meu trabalho, e as pessoas podem contar com isso. Muita acidez nas palavras, na música, mas também muita celebração e diversão.