Shows eletrizantes e protestos marcam maratona do João Rock
Pitty, Marcelo D2, Emicida e Rael encerraram o festival que teve mais de 20 apresentações ao longo do sábado
O Festival João Rock, realizado no sábado (15), em Ribeirão Preto, e transmitido pelo Terra, reuniu o que há de melhor na cena musical brasileira. Foram mais de 20 atrações, que começaram à tarde e avançaram pela madrugada. Uma verdadeira maratona de shows, com bandas de longa trajetória como Legião Urbana, Capital Inicial e Raimundos, artistas consagrados como Pitty, CPM 22, Emicida e Marcelo D2, até revelações como os rappers Djonga e Rincon Sapiência. Outros destaques vão para Scalene e BaianaSystem, que fizeram apresentações eletrizantes.
As apresentações também foram marcadas por protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Em vários momentos a plateia entoou um coro contra o presidente; em outras, a manifestação vinha do palco, como quando o vocalista da banda Scalene falou que “ele [Bolsonaro] não é nosso presidente”. O Legião Urbana, por exemplo, lembrou a execução do músico Evaldo Rosa dos Santos por militares no Rio de Janeiro. “80 tiros, 80 tiros, 80 tiros”, gritou o vocalista do palco.
O show de Pitty era um dos mais aguardados de festival. A cantora subiu ao palco ao som de “Admirável Chip Novo” e encontrou um público muito receptivo, já cantando a sua música. Durante a apresentação, Pitty relembrou sucessos de sua carreira, como “Na Sua Estante” e “Me Adora”, os hits animaram a plateia. As primeiras notas de “Equalize” fizeram as pessoas que assistiam ao show vibrarem em Ribeirão Preto e um coro acompanhou a cantora baiana.
Pitty, além de ter feito a sua apresentação musical, também se preocupou com a sua performance corporal no palco. A cantora dançou bastante durante o show e, durante a música “Motor”, ela deitou no chão e fez um verdadeiro espetáculo para a câmera. Participações também não faltaram no show: Rael apareceu em “Te Conecta”, a banda BayanaSistem subiu ao palco para “Roda” e Larissa Luz cantou “Sol Quadrado” com Pitty, encerrando a apresentação.
Antes mesmo do CPM 22 começar o show, a plateia já gritava o nome da banda e pedia a presença dos integrantes no palco João Rock. “Desconfio” abriu a apresentação e fez quem estava ali presente pular e vibrar com o grupo. Músicas clássicas do CPM 22, como “Dias Atrás”, “O Mundo Dá Voltas”, “Não Sei Viver Sem Ter Você” e “Um Minuto Para o Fim do Mundo”, criaram um clima de nostalgia e euforia no público.
Um dos momentos mais emocionantes do festival foi durante o show do CPM 22, quando Badauí cantou "Honrar Teu Nome". A música homenageia o pai do artista, falecido em 2016. O cantor não conteve algumas lágrimas durante a canção. Ao final, Badauí olhou para cima e disse: “Obrigado”. Durante o show, o vocalista também falou sobre a atual situação política do país e disse ser necessário respeitar as diferenças.
Marcelo D2 subiu ao palco com o filho Stephan Peixoto. O repertório do show contemplou músicas do último álbum do rapper, “Amar é para os fortes”, lançado em 2018, assim como faixas que marcaram a carreira do cantor, como “Desabafo”, “Qual é?”, “À Procura da Batida perfeita” e “C.B. (Sangue Bom)”. D2 fez uma homenagem a Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., morto em 2013, e cantou “1967”. O repertório do show também contou com “Mantenha o Respeito”, do Planet Hemp, em que D2 declarou: “Eu represento os maconheiros mais famosos do Brasil”.
Durante o começo da madrugada de domingo, 16, Emicida e Rael subiram ao palco principal do João Rock para encerrar o festival. Apesar do horário da apresentação, a dupla conseguiu animar a plateia com faixas como “Pantera Negra”, Passarinhos” e “Nada Mais/Ela Me Faz”. O público também vibrou quando Pitty fez uma participação no show para cantar “Hoje cedo”, música em parceria com Emicida. Mas o convidado mais esperado da noite era ninguém menos do que Mano Brown. O rapper apareceu já no fim da apresentação e cantou algumas músicas do Racionais, como “Quanto Vale o Show?”, “Negro Drama” e “Vida Loka Parte 1” para fechar com chave de ouro.
O show de Emicida e Rael também não fugiu da crítica política em Ribeirão Preto. Os dois cantores relembraram a época da Rinha dos MC’s e Rael disse: “(a cultura hip-hop) ensinou para nós que se a gente tiver cultura, saúde, lazer e educação, para que eu preciso de uma arma na minha mão? Fora!”. Nesse momento, o público começou a vaiar e xingar Jair Bolsonaro.
O show do Paralamas do Sucesso foi um compilado de hits das décadas de 80 e 90, com uma roupagem mais pesada para se adequar ao clima do festival. Com hits como "Lanterna dos Afogados" e "Meu Erro", o trio veterano fez com que até os mais jovens cantassem os refrões que marcaram uma geração. O destaque fica para o virtuosismo de João Barone (bateria) e Herbert Viana (guitarra e vocais), que agitaram o público com longos solos.
A banda Raimundos fechou o palco Brasil com uma versão enxuta do repertório da turnê de 25 anos do lançamento do primeiro álbum da banda. Hits como "Mulher de Fases", "A Mais Pedida" é "Eu Quero Ver o Oco" levaram o público ao delírio, que além de cantar todas as letras ainda fez rodas de "mosh", típicas de shows de hardcore. O ponto alto da noite foi a junção de dois bateristas, que juntos embalaram a segunda metade do show.
Mais uma vez, o grupo baiano BaianaSystem fez um show eletrizante e muito dançante, misturando vários ritmos. E, como não podia deixar de ser, abriram a roda de dança, tradicional nos shows da banda.
Rincon Sapiência e Djonga, revelações do rap, empolgaram uma multidão de fãs logo no início do festival. Djonga, por exemplo, fez um show histórico e chegou a se jogar na galera, levando o público à loucura.